“Caro Francisco. Agradeço o gentil envio dos vários trabalhos técnicos acerca do Arsenal NA. Sempre é bom receber informações. Gostaria de te dizer que por muitos anos administrei o horto de minha cidade. Neste tempo, produzimos mais de 350 mil mudas de árvores nativas que hoje estão espalhadas por vários rincões do Rio Grande. Também conseguimos produzir toneladas de verduras que alimentaram milhares de crianças nas escolas de Novo Hamburgo. Além disso, funcionamos como imenso espeço de aprendizado aonde milhares de crianças aprenderam os fundamentos de uma relação harmoniosa com a natureza. Este foi o meu mestrado. Nele aprendi que é possível produzirmos sem o uso de substâncias estranhas ao ciclo evolutivo que ocorre na biosfera.
Nesta experiência nunca vi uma criança se referindo a uma planta como um inimigo a ser combatido. Ao contrário, todas sempre demonstraram imenso amor por estes maravilhosos seres. É claro, tivemos que manejar algumas espécies espontâneas no sentido de garantir espaço para as plantas que cultivamos. Posso dizer com orgulho que nesta tarefa vários trabalhadores ganharam com dignidade o sustento de suas famílias. Homens que trabalharam felizes sob meu comando, estimulados pela idéia de estarem contribuindo para a educação dos cidadãos do futuro. Direito que alguns deles próprios não puderam gozar de pleno em suas infâncias por coisas deste Brasil. Este trabalho ajudou-me a granjear um imenso respeito profissional junto à comunidade da minha região. Respeito que nos deu respaldo moral para movermos uma ação dos cidadãos desta cidade contra o uso de seu produto.
Nestes anos, muitas vezes, tive que enfrentar a opinião de senhores da academia altamente titulados e profundamente devotados à tarefa de iludir as pessoas fazendo-as crer que os venenos agrícolas eram inofensivos.