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Pesquisa Científica - 

Projeto "Macacos Urbanos" estuda a ocorrência e distribuição do Bugio-ruivo em Porto Alegre

Pela Equipe do Projeto

Está sendo desenvolvido trabalho sobre a ocorrência e distribuição do bugio-ruivo (Alouatta fusca clamitans) em Porto Alegre.

A presença do bugio-ruivo está registrada na Lista dos Vertebrados da Grande Porto Alegre da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Porém pouco se sabe sobre os locais de ocorrência dessa espécie no município, bem como seu estado de conservação. Obtendo-se mais informações sobre a situação do bugio-ruivo, poder-se-á definir estratégias para sua preservação.

Porto Alegre situa-se no limite meridional da distribuição do bugio-ruivo. Possui 47.152,28 ha de área, com uma população aproximada de um milhão e duzentos mil habitantes humanos, que se concentram em sua maioria na parte norte do município. Com o desenvolvimento da cidade e a conseqüente ocupação das áreas de mata, este primata tem hoje sua distribuição restrita a locais específicos ao longo do território municipal. Sendo assim, a pesquisa visa levantar dados sobre a situação das populações do bugio-ruivo frente ao processo de crescimento da área urbana e fornecer subsídios, através da análise da qualidade do habitat, para a preservação e manejo das populações de bugios remanescentes na área.

A superfície do município foi dividida em quadrículas de 25 ha. Após selecionadas as quadrículas com mata, as mesmas são percorridas assinalando-se a presença ou não do bugio-ruivo. A pesquisa está dividida em três etapas, cada qual com 12 meses de duração. A primeira etapa inclui a Zona Sul, abrangendo o Morro São Pedro, Lami, Ponta dos Quatis, Ponta do Arado, Ilha Francisco Manuel, Ponta Grossa e Extrema. Na segunda etapa será examinada a Zona Centro-Sul do Município, abrangendo o Morro do Osso, Belém Velho, Morro da Companhia, Parque Saint-Hilaire, Morro da Tapera e Morro Teresópolis. Na terceira etapa está incluída a Zona Norte, com o Morro Santana e Ilhas do Delta do Jacuí.

O registro da ocorrência é feito a partir da visualização ou das fezes. Consideramos a vocalização e os relatos dos moradores da região como informação complementar. Posteriormente será feita uma análise da vegetação em algumas quadrículas amostradas, procurando-se relacionar a estrutura do habitat com a presença ou não do bugio.

Até março de 1996 foram percorridos 3.025 ha da Zona Sul, sendo que constatamos a presença de Bugio no Morro São Pedro, Extrema, Lami e no Bairro Boa Vista (Ponta dos Quatis). Até o momento isso representa cerca de 51,2% do total a ser vistoriado. Informações sobre as localizações mais precisas estão sendo repassadas periodicamente para a Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

O fato da existência dessa espécie ameaçada na área do Município de Porto Alegre reflete antes o modo de ocupação do espaço no município do que o resultado de iniciativas preservacionistas. Apesar dos dados ainda serem preliminares, eles sugerem uma maior ocorrência do bugio-ruivo na Zona Sul do Município, área esta onde se concentram boa parte dos remanescentes florestais.

Atualmente há uma pressão para o crescimento da cidade em direção à esta área. Se não forem tomadas medidas para disciplinar esse "crescimento", o futuro desse ambiente e conseqüentemente do bugio-ruivo poderá estar seriamente comprometido.

Este trabalho está sendo desenvolvido por um grupo de pesquisadores do Departamento de Zoologia da UFRGS: Gerson Buss, Luiz Fernando Guimarães Brutto, Márcia M. de Assis Jardim, Marcos de Souza Fialho, Rodrigo Cambará Printes e Sidnei da Silva Dornelles – sob orientação dos professores Helena Romanovsky e Luiz Flamarion B. de Oliveira, com o apoio da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) e Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PROPESP - UFRGS).