AgirAzul Revista 1992-1998

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Gravataí decepcionada com o Governo Estadual – Barragem não sairá

Os técnicos do Banco Interamericano de Desenvolvimento que estiveram em Porto Alegre, no início de fevereiro, deram a notícia às comunidades do Vale do Rio Gravataí: a barragem incluída nos planos do Projeto Pró-Guaíba, que seria construída no rio não sairá, até que técnicos do governo estadual produzam os estudos solicitados. Isto significa, seguramente, dois anos, ou seja, até o final do governo Collares.

Paulo Müller, da Associação de Proteção à Natureza do Vale do Rio Gravataí – APN-VG -, levanta quatro motivos que denotam que o Governo não promoverá a construção da barragem:

1º) A FEPAM, a agência de proteção ambiental estadual, não analisou o Relatório de Impacto Ambiental no tempo previsto, alegando falta de técnicos e de pessoas especializadas, quando, na realidade, houve boicote mesmo;

2º) A CORSAN, que está em dificuldades para conseguir água tratável para servir à população, não aposta na construção da barragem no rio Gravataí, mas sim na construção de uma mega estação de tratamento, no Arroio das Garças ou em outro local, que atenda a todas as comunidades da região, de Gravataí a Canoas. Para as pessoas que têm influência dentro da CORSAN, tipo construtoras e empreiteiras, o que interessa é uma obra muito mais cara do que a barragem no Gravataí. A CORSAN tem a velha filosofia de enxergar no rio apenas matéria-prima. Não interessa se o meio d’água está poluído ou não: procurasse outro. Daqui a pouco, vão importar uma estação de dessalinização de água para colocá-la no litoral, atendendo a todo o Rio Grande;

3º) O Carvão que está embaixo do Gravataí teria sua exploração encarecida com a construção da barragem;

4º) Alguns fazendeiros têm interesse de que a barragem não saia porque prejudicaria “suas terras”, onde produzem arroz. Na fase de levantamentos topográficos, os técnicos não puderam entrar em algumas propriedades.

Segundo Paulo Müller, o mais grave é que daqui a dois anos, quando os técnicos do BID vierem, a CORSAN terá a seguinte desculpa: não temos mais condições de captar água na região porque o rio Gravataí está muito poluído. Estão se aproveitando de um problema terrível, que é a situação do rio para abandoná-lo e partir para esta mega capacitação.

A construção da barragem no rio Gravataí vem sendo reivindicada há mais de dez anos pelos ecologistas de Gravataí. Ao longo do tempo, políticos locais passaram a apoiar o projeto. O governo estadual “priorizou” a sua construção dentro do Projeto Pró-Guaíba, financiado pelo BID, com contrapartida financeira do Governo.






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