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AgirAzul Memória
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AgirAzul 7

Imprensa Ecológica pelo Mundo

Colaboração de Carlos Gustavo Tornquist

THE ECOLOGIST,
Vol. 23, número 5, de
Setembro Outubro 1993.

Neste último número da principal revista ecológica inglesa — e também do mundo — encontramos assunto importante para nós gaúchos. A hora de se retirar, um dos editoriais, trata da última enchente no Vale do Mississipi, ocorrida em junho passado. Mesmo depois de 65 anos em guerra incessante contra as formas da Natureza no vale e dezenas de bilhões de dólares gastos no estabelecimento de "medidas de contenção" para as águas do rio Mississipi, este ainda consegue burlar 800 diques ou aterros de proteção em nove estados e causar prejuízos estimados em US$ 12 bilhões, de passagem deixando cerca de 70.000 pessoas desabrigadas. Sem falar no custo de reerguer as estruturas de contenção destruídas pela força das águas.

O excesso de diques e outras estruturas, além da drenagem de banhados, e das represas mantidas cheias para maximizar a geração mantidas sempre cheias para maximizar a geração de eletricidade (e os lucros, é óbvio) em detrimento de uma capacidade de armazenagem  "de segurança" para épocas de chuva intensa — são as causas imediatas desta luta inglória mantida pelo governo americano e financiada pelo povo. Com a contenção do Mississipi pelas obras construídas pelo Corpo de Engenheiros do Exército, os sedimentos que normalmente se depositariam nas áreas baixas adjacentes acabam confinados ao leito, diminuindo a profundidade média do rio. Por exemplo, um dique comum na área de Memphis, estado do Tennessee, tinha 3 metros em 1882 — hoje tem que ter 12 metros!

O mesmo esquema está para ser exportado para Bangladesh por consultores americanos. Pretende-se gastar entre 5 e 10 bilhões de dólares na construção de cerca de 4.000 km (!) de estruturas de contenção para os rios do país.

Nada mais justo, pois o presidente da Comissão Internacional de Grandes Represas, W. Pircher,  pensa que este mundo, com muitos rios ainda correndo livres não é muito adequado para vida. Melhores condições seriam possibilitadas por "uma estrutura de engenharia da base de sobrevivência feita pelos homens".

Como pode ser visto em todo o planeta, estas modificações na Natureza até podem reduzir riscos, mas não irão evitar a ocorrência das enchentes nem diminuir os prejuízos. Uma estratégia de planejamento para as cheias e também uma predisposição em conviver com elas são essenciais numa abordagem ambientalmente correta.

O autor não deixa de acrescentar que esta discussão ganhará cada vez mais importância devido ao aquecimento global e a maior instabilidade climática esperada.

Que esta matéria sirva de aviso àqueles sempre ávidos de barrar um rio, por menor que seja, ou drenar até o último banhado para uma nova lavoura de arroz.

WISE News Communique
400-401 (5-11-93)

O boletim quinzenal (na verdade, publicado 20 vezes ao ano) da WISE - World Information Service on Energy - Serviço Mundial de Informações em Energia traz algumas notícias preocupantes. O roubo e o contrabando de substâncias radioativas a partir da antiga URSS atinge proporções inimagináveis até pouco tempo atrás. Tem se registrado uma ocorrência deste tipo por dia: cobalto, deutério, estrôncio, até mesmo urânio (não-enriquecido e enriquecido a 5% em pellets) e até plutônio (de detectores de fumaça). Felizmente, até agora quase sempre em pequenas quantidades, Porém, autoridades da Ucrânia revelaram que partes de duas barras de combustível haviam sido roubada de Chernobyl.

As 125g de urânio-235 contidas nestas são suficientes para iniciar uma reação em cadeia (emissão de radiação em grande quantidade ou até uma explosão nuclear).

TIME

Ao mesmo tempo, a revista Time de 29/11, publica comentários sobre um estudo do Pentágono dizendo que as 300 toneladas de plutônio originadas do urânio "gasto" nas centrais nucleares, somadas às 199 toneladas dos arsenais americanos e soviéticos sendo desmantelados, estão acumuladas em depósitos de "lixo nuclear, podendo ser aproveitadas e adaptadas para a construção de armas nucleares numa questão de dias. O número de 19/11 traz a confirmação de que a Convenção de Londres reunida em 12 de novembro, baniu o despejo de lixo nuclear e industrial nos mares. Claro que isso só vale para as 45 nações signatárias.

BUZZWORM'S EARTH
JOURNAL

A edição de Nov/Dezembro 93 do Earth Jornal (novo nome da Buzz Worm) traz um artigo sobre a utilização de pesticidas dentro de aviões de passageiros. As pulverizações são obrigatórias em vários países, inclusive nos EUA, até pouco tempo. Originalmente tentava-se evitar a introdução de insetos indesejáveis de outros países, mas atualmente vem sendo usada em vôos domésticos. O ingrediente ativo é invariavelmente summithryn, um piretróide sintético (até 1989, o famigerado DDT também era usado). Segundo receita do próprio fabricante, o produto "deve ser pulverizado 30 minutos antes do pouso, com todos os passageiros e tripulação a bordo", Em que pese não existir evidências claras de que alguma praga ou inseto indesejável tenha sido introduzido nos EUA num passado próximo, a OMS (Organização Mundial de Saúde) sanciona tal procedimento. Os piretróides têm sua toxicidade pouco estudada, mas já se sabe que podem causar reações alérgicas fortes em pessoas sensíveis. Algumas agências ligadas ao setor de saúde dos EUA estão recomendando o abandono do uso de piretróides nos aviões — o que tem caído nos últimos anos. Porém a EPA ainda não chegou a uma posição final.


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