Lembram-se da ECO-FÁBULA publicada no AgirAzul 6? Ou fizemos escola ou subestimamos a capacidade imaginativa e “maquinativa” dos dirigentes políticos e empresários do Litoral Norte do Rio Grande do Sul: um artigo no Caderno Especial Litoral Norte, encartado no Jornal Zero Hora de 30 de novembro dá conta de “projetos ambiciosos” para a região visando aumentar o afluxo de turistas.
A primeira iniciativa é arranjar uma “barca” do Mississipi” (a vapor?), para passeios na Lagoa dos Quadros. Até aí nada de mais. Logo segue o já afamado canal ligando as lagoas costeiras ao oceano – só agora com dados precisos: ligará a mesma Lagoa dos Quadros ao Atlântico, tendo 4 quilômetros e meio de extensão. Pouca coisa, para manter tão engenhosas...
Mas eis que chegamos ao ápice da criatividade dos próceres litorâneos para atrair turistas sedentos de diversões de alto nível: construir um Autódromo Internacional para provas de “Fórmula Um e Fórmula Hindy” (sic). E ainda por cima, conforme os autores da genial idéia, contando com a benção de Airton Senna e Nelson Piquet – que por sinal, não se dão muito bem, mas foram absolutamente unânimes nesse caso. Outro líder regional, o Prefeito de Osório, quer construir um teleférico ligando a cidade de Osório ao topo do Morro Borússia, alguns quilômetros mais adiante. É algo como ligar Nada a Lugar Nenhum.
O único empecilho no caminho do projeto é que o morro Borússia faz parte da Serra do Mar, onde se encontram os poucos remanescentes da Mata Atlântica no RS. É uma área de Proteção Ambiental tombada como Patrimônio da Humanidade. Detalhe insignificante a ser prontamente resolvido...
Este líder de Osório é o mesmo que em abril passado, no programa de Lasier Martins da Rádio Gaúcha, aliou-se a Andréia Fillipe, a criadora dos crocodilos nilóticos introduzidos no país ao arrepio da lei. Na ocasião, o Prefeito Bolzan Jr. identificava na criação desses crocodilianos a possibilidade de geração de “centenas de empregos” na região. Talvez mesmo a redenção econômica do município?
Outra que deixaram escapar: uma base de lançamentos de foguetes. Se a Flórida tem um Cabo Canaveral, por que nossa versão tupiniquim não haveria de ter uma “Barreira do Inferno/SUL”? Quem sabe “shuttle” Columbia não desce aqui num verão desses?
Ora, pessoal, não deixem por menos: pensem grande. Bem grande mesmo!!!
* O autor é agrônomo, vice-presidente da AGAPAN – Associação Gaúcha de Proteção Ambiental Natural, e coordenador administrativo da Feira dos Agricultores Ecologistas da Cooperativa Ecológica Coolméia, em Porto Alegre.