AgirAzul Revista 1992-1998

Todo o conteúdo editorial da publicação em papel

AgirAzul 7

O português do AgirAzul - Alguns probleminhas da 6ª edição

por Betílio Romais

No AgirAzul nº 6, encontramos outros vocábulos que merecem correção:

2) Insetos polinizadores, abelhas, arapuãs, mamangavas, borboletas, quando sobrevivem diretamente ao fogo, podem vir e parecer pouco após por falta de recursos de néctar e *pólem (pág. 10). O curioso é que *pólem (como está no texto) é variante de pólen. Só que um tem acento, e outro não. Quer dizer: quando é variante - não; quando não é - sim! Por quê? É o seguinte: a palavra polem (variante) termina em -m e por essa razão não se encaixa na regra das paroxítonas, enquanto que a terminação em -n (pólen) deve receber acento, conforme regra expressa (lembram? liga nacional do raio xis). Assim também hífen, abdômen, glúten... Mas o interessante é que o n pode ser seguido de s (ns), ou seja, plural. Daí tudo fica sem acento. Veja: polens, hifens, abdomens, glutens... resumindo: paroxítonas terminadas em -em (homem, jovem, polem) ou -ens (plural) sem acento, mas -en (singular) com acento. logo: o m de Maria-vai-com-as-outras sem acento, porque sempre perambulando... Contudo o n de nada-adianta, com acento, porque sempre deitado em berço esplêndido.


* O autor é professor de português na ULBRA

1) (...) devem ter suas razões técnicas até *aonde inicia a questão política (capa). A linguagem culta moderna insiste em fazer diferença quanto ao emprego das palavras donde, aonde, onde. Na frase acima, apareceu *aonde. Aliás, o emprego incorreto desse advérbio é uma constante em nossa língua, principalmente em se falando dos políticos (já basta a transparência nas CPIs). O advérbio onde (em que lugar) indica o lugar em que se está, ou em que se passa algum fato. Deve-se usar aonde (a + onde) e donde (ou de onde), quando existe idéia de movimento procedente de algum ponto. Na prática, pode-se dizer que isso acontece, especialmente, com verbos ir e vir (outros como proceder, originar-se...) Exemplos: Onde estás?/não sei onde moras (está se referindo a lugar ou ponto fixo/estático). Mas, havendo idéia de movimento = ir a algum lugar ou vir de (partir de algum ponto), temos: Aonde vais?/donde veio?/donde se originou esse fato? A frase corrigida fica, então, assim: "(...) devem ter suas razões técnicos acatadas até onde inicia a questão política". A propósito, se alguém perguntar pelo telefone daonde fala?, responda donde ou de onde?, porque o que se quer é partir de um ponto e não vir a ele. Daí o papo vai ser outro...






© 1992-1999 / 2007/2008 / 2024  João Batista Santafé Aguiar - É proibida a reprodução total ou parcial sem permissão por escrito / por email do autor ou detentor dos direitos. AVISO LEGAL - Eventualmente, os endereços informados, tanto os convencionais, como os eletrônicos como páginas web ou endereços de emails, serão os da época da publicação, não sendo mais funcionais, não havendo qualquer responsabilidade do Editor sobre o fato. Estes textos disponibilizados no AgirAzul Revista  foram produzidos nos anos de 1992 a 1998. Pessoas citadas poderão já não representar ou participar das entidades pela qual assinaram ou deram seus depoimentos ou mesmo já terem falecido. Eventualmente na versão para www.agirazul.com.br foram corrigidos erros de grafia e aplicação da língua portuguesa, além de  realizados alguns alertas sobre informações já ultrapassadas pelo tempo.