As últimas notícias da EcoAgência
[ Conteúdo total | Pesquisar | Avançar | Voltar | Página Inicial ]


Maior holocausto da história da humanidade ocorreu na América

Segundo José Augusto Pádua colonização européia aniquilou 45 milhões de pessoas em nosso continente

Exclusividade da ECOAGÊNCIA - 19 nov 2003

Porto Alegre, RS - O maior holocausto da história da humanidade foi realizado na América. A afirmação é do pesquisador e escritor carioca José Augusto Pádua. Autor do livro “Um Sopro de Destruição”, Pádua foi um dos conferencistas do 1º Congresso Brasileiro, 4º Seminário Internacional e 5º Seminário Estadual sobre Agroecologia, que se realiza no Centro de Eventos da PUC, em Porto Alegre. De acordo com ele, o holocausto ocorreu há 500 anos, com a chegada dos colonizadores europeus à América. “De cada 10 indivíduos que viviam na América, 9 morreram ao entrar em contato com os europeus. Dos 50 milhões que habitavam o continente, 45 milhões foram exterminados pela guerra bacteriológica”.

José Augusto Pádua é doutor e professor de história e política ambiental no Curso de Pós-Graduação em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Ele é um dos raros especialistas brasileiros a pesquisar a devastação ambiental que já ocorria no Brasil entre 1786 a 1888, um dos principais períodos do Brasil escravista. Segundo ele, a destruição ambiental do país não é recente “ou uma moda importada” como muitos afirmam. “As queimadas, a monocultura e mesmo o desflorestamento já ocorriam no país no final do Século XVIII”, revela. “Isso é o resultado da herança do modelo colonial, baseado no tripé: escravismo, monocultura e latifúndio”.

Outra conclusão do pesquisador é que estudando o pensamento crítico, foi possível compreender que a relação predatória com o mundo cultural não surgiu agora. “Ela é fruto do processo de ocupação do país. As marcas dessa formação estão presentes até hoje”, explica. “Estudando essas marcas, podemos compreender a situação atual do Brasil”. Para concluir sua pesquisa, Pádua analisou 150 textos da época, produzidos por mais de 50 autores. /

Exploração Ecológica

Ainda defendendo sua linha de raciocínio, José Augusto Pádua destaca que o Brasil não nasceu como uma sociedade, mas como um projeto de exploração ecológica. Ele faz um apanhado histórico, lembrando que toda a população que entrou em nosso país nos últimos 20 a 30 mil anos veio da África, durante a última grande glaciação. Após essa migração ocorreu uma desglaciação (o nível dos oceanos subiu) e fechou o Estreito de Behring. Isso fez com que, durante milhares de anos, os povos do sul ficassem isolados e, conseqüentemente longe das pragas. Com isso, a América formou uma economia essencialmente vegetal, enquanto na Europa a base da economia era animal. “Se por um lado essa situação tornou o nível de vida das populações indígenas superior à européia” explica o pesquisador, “por outro, fez com que o sistema imunológico se tornasse mais fraco. Isso explica o impacto devastador da guerra bacteriológica que devastou cerca de 90% da população”.

Determinadas culturas exerceram sobre o território brasileiro uma ocupação quase imperialista, frisa Pádua. E as conseqüências podem ser sentidas hoje em dia. O litoral nordestino, exemplifica, está tomado por plantas exóticas. Segundo ele, poucos sabem que os coqueiros (considerados quase um sinônimo de brasilidade) são exóticos. Assim como a manga e a jaca. Originalmente, a região era repleta de cajueiros. Estudos recentes mostram que o pampa argentino preserva apenas 20% de suas ervas nativas, conclui.

Texto do Jornalista Juarez Tosi, repórter da Ecoagência Solidária de Notícias Ambientais – juarez@ecoagencia.com.br 


Última atualização: 25 fevereiro, 2012 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
O texto divulgado pela EcoAgência de forma EXCLUSIVA poderá ser aproveitado livremente em outros saites e veículos informativos, condicionada esta divulgação à inclusão da seguinte informação no corpo do material: Nome do Jornalista - e-mail © EcoAgência de Notícias - www.ecoagencia.com.br.

As fotografias deverão ser negociadas com seus autores.