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NACIONAL - Agroecologia e participação podem democratizar o mercado agrícola

EcoAgência - 21 nov 2003


Hector Gravina - Amigos de la Tierra/Espanha, em Porto Alegre  - Foto de Adriano Becker

Porto Alegre, RS - Os caminhos (e obstáculos) para tornar a produção, o comércio e o consumo de produtos agrícolas democráticos e sustentáveis foram o tema da palestra do ambientalista Hector Gravina (Amigos de la Tierra – Espanha) na manhã da quinta-feira (20/11), durante os eventos simultâneos sobre agroecologia (I Congresso Brasileiro, IV Seminário Internacional e V Seminário Estadual) realizados no Centro de Convenções da PUC-RS, em Porto Alegre.

Segundo Gravina, o sequestro da democracia alimentar pelas grandes companhias transnacionais de agroquímicos, sementes e medicamentos, ameaçam a soberania das nações em nível global, uma vez que cada vez menos empresas controlam maiores fatias da produção e comércio de produtos agrícolas. Ao mesmo tempo, o transporte, processamento, a embalagem e o comércio intra e internacional de alimentos têm aumentado em ritmo muito maior do que a produção e o consumo de comida, contribuindo mais para os lucros dos atravessadores e para o incremento do uso de combustíveis fósseis do que para o atendimento das necessidades de populações famintas, explica Hector.

Para atacar a lógica capitalista que torna o alimento uma mercadoria antes de um direito básico, Gravina considera que o modelo do agribusiness deve ser substituído por modelos cooperativistas, enquanto que formas de economia solidária precisam ser promovidas.

Da mesma forma, as políticas de desenvolvimento rural devem ser participativas, centradas nos agricultores e consumidores, e na localização no lugar da exportação. Nesse sentido, é primordial a participação social efetiva nos mercados locais, como pilar para qualquer perspectiva de democratização do mercado internacional de alimentos. Paralelamente, a agroecologia deve ser inserida nos movimentos sociais, de modo a estabelecer pontes entre movimentos rurais e urbanos e a enfrentar o desafio de disponibilizar os alimentos de produtores alternativos da maneira mais direta possível aos consumidores.

                         Jorge Fauth, pela organização, e Hector Gravina. Foto de Adriano Becker

Hector enfatiza a necessidade de união entre os produtores ecológicos para o desenvolvimento de canais de comercialização locais (como a feira da Coolméia, citada e elogiada pelo ativista em entrevista exclusiva), bem como do interesse da sociedade sobre esses meios, para forçar políticas públicas de incentivo à democratização do mercado agrícola. Nessa direção, Gravina sugere uma “reforma fiscal ecológica”, com taxas sobre pesticidas e a abolição de subsídios à exportação. Em nível local, governos e sociedade poderiam colaborar mutuamente através da busca pelo fornecimento de produtos agroecológicos à escolas, hospitais e outros estabelecimentos públicos que demandem alimentos diariamente.

Jornalista Adriano Becker, do Núcleo dos Amigos da Terra Brasil - para a EcoAgência de Notícias - www.ecoagencia.com.br


Última atualização: 12 janeiro, 2013 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
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