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Ambientalistas recebem Comenda Henrique Luiz Roessler à sombra de uma Tipuana

EcoAgência - 21 nov 2003

Os homenageados com o Secretário do Meio Ambiente José Alberto Wenzel, e
Cláudio Dilda, da FEPAM - Foto de Adriano Becker

Porto Alegre, RS - Uma árvore Tipuana, com aproximadamente 25 anos de idade, ofereceu sua generosa sombra para a homenagem na tarde desta sexta-feira (21) a seis ambientalistas que ajudaram a formar uma grande geração de protetores do meio ambiente. Os ambientalistas Augusto Carneiro, Celso Marques, Giselda Castro, Hilda Zimmermann, José Lutzenberger (in memoriam) e Magda Renner receberam a Comenda do Mérito Ambiental “Henrique Luiz Roessler” pela luta desenvolvida ao longo de suas vidas em defesa do meio ambiente.

Além da generosa sombra da Tipuana, outro “atrativo” chamou a atenção dos presentes. Quando o secretário Estadual do Meio Ambiente, José Alberto Wenzel estava iniciando seu discurso, um enxame de pequenas abelhas da ordem Hymenoptera tomou conta da solenidade. Os agraciados, bem como o secretário, tiveram que mudar de lugar, descontraindo a solenidade. O próprio secretário brincou, dizendo que os agraciados estavam sendo saudados pela natureza. A homenagem foi aberta pela presidente da Fundação Zoobotânica, Verena Nygaard. O presidente do Conselho Estadual do Meio Ambiente e da FEPAM, Cláudio Dilda, lembrou a luta dos pioneiros Henrique Luiz Roessler e do padre jesuíta Balduíno Rambo na defesa do meio ambiente. Mas, segundo ele, nada seria possível não fosse o trabalho coletivo dos atuais homenageados e de todos que levam a missão adiante.

Quem falou em nome dos agraciados foi Lara Lutzenberger. Ao representar seu pai, falecido em maio do ano passado, Lara disse considerar-se também uma seguidora dos homenageados. Ironizando as pessoas que sempre destrataram os que defenderam o meio ambiente, ela afirmou: “Hoje, só um louco poderia considerar coisa de quem não tem o que fazer todo esse trabalho bonito que eles desenvolveram”. Ela lembrou que quando os seis ambientalistas homenageados começaram a trabalhar pela defesa ambiental, vivíamos o período de ditadura militar no país. “Mesmo assim”, lembrou, “eles conseguiram fazer manifestações até escolados pela Brigada Militar”.

O ambientalista Henrique Luiz Roessler, que deu nome ao prêmio, esteve representado pela sua neta, Maria Luiza. Ela leu um pequeno trecho do livro escrito em memória à luta de seu avô. Ainda antes do final da solenidade, todos os presentes foram contemplados com um recital do coral da FEPAM, sob a regência de Dayse Coccaro. A homenagem encerrou com a execução do Hino Riograndense. Os seis ambientalistas homenageados receberam um lindo pergaminho manuscrito, feito em papel reciclado especial.

Estiveram presentes representantes de diversas entidades, como o NEJ - Núcleo dos Ecojornalistas do Estado, Coolméia, Pangea e Agapan.

Augusto Carneiro recebe das mãos do Secretário do Meio Ambiente, Wenzel, o Diploma da Comenda do Mérito Ambiental Henrique Luiz Roessler.

À direita, em segundo plano, a presidente da Fundação Zoobotânica, Verena Nygaard. 

Foto de Adriano Becker

Conheça um pouco sobre os homenageados:

Augusto César Cunha Carneiro

Nascido na rua Vasco da Gama, bairro Bom Fim, em Porto Alegre, o advogado Augusto César Cunha Carneiro completa 81 anos no próximo dia 31 de dezembro. É presidente da PANGEA - Associação Ambientalista, que viabiliza o site AgirAzul na Rede e a EcoAgência de Notícias - em conjunto com o Núcleo dos Ecojornalistas do RS (NEJ/RS). Foi amigo e divulgador de José Lutzenberger, formador de toda uma geração de ambientalistas gaúchos. Fundou entidades como a Agapan, a Fundação Gaia e a SBCF - Sociedade Brasileira para a Conservação da Fauna, além da própria PANGEA.  É educador de jovens, co-criador do Parque de Itapuã e do Parque da Guarita. Mantém banca de livros ecológicos há 13 anos na Feira dos Agricultores Ecologistas da Coolméia. Recentemente, lançou na Feira do Livro a obra "A História do Ambientalismo" pela Editora Sagra-Luzzatto..

Giselda Escosteguy Castro

Natural de Santana do Livramento, casada com o doutor Ernesto Llopart Castro, tem 3 filhos e 5 netos. É sócia-fundadora da Ação Democrática Gaúcha Feminina, atualmente Núcleo Amigos da Terra/Brasil. Tem quase três décadas de trabalhos dedicados à Associação Beneficente Lar de São José, Casa da Mãe Solteira e Creche Heloísa Becker.

Apresentou o movimento ecologista à cúpula da Assembléia Nacional Constituinte, em Brasília, no ano de 1987. Possui atuação internacional, como membro honorário do Instituto de Bioconservação da República Dominicana e cidadã honorária de Tucson, Arizona (EUA). Detentora do Prêmio Cidade de Porto Alegre – Destaque em Meio Ambiente, distinção da Câmara de Vereadores da Capital. Coordenou o programa Guaíba Vive. É Cidadã Honorária porto-alegrense.

Foto de Adriano Becker para a EcoAgência de Notícias

Hilda Zimmermann

A D. Hilda recebe o Diploma das mãos do Secretário Wenzel - Foto SEMA

Gaúcha de Santa Maria, é viúva do doutor Juarez Romano Zimmermann e tem duas filhas: Patrícia e Lívia. É fundadora da Agapan - Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, da ANAÍ – Associação Nacional de Apoio ao Índio, que presidiu por cinco gestões, e do Conselho de Defesa do Patrimônio Natural do Rio Grande do Sul. Em Torres, atuou para a implantação da primeira reserva biológica marinha, Ilha dos Lobos. Manifestou-se pela demarcação de terras indígenas no Estado e participou da coordenação de diversos seminários de integração Brasil/Alemanha sobre temas ambientais. Vinculou-se à organização da Eco-Rio 92. Fundou e preside a Sociedade Amigos da Amazônia Brasileira. É, também, sócia-fundadora da Associação dos Amigos do Jardim Botânico de Porto Alegre e detém a Medalha Conservacionista outorgada pela Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul.

José Antônio Lutzenberger (in memoriam)

Lara Lutzenberger representou seu pai e falou pelos homenageados - Foto SEMA

Nascido em Porto Alegre, em 1926, Lutzenberger trabalhou na BASF e, em 1971, fundou a Agapan – Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural após constatar os estragos provocados por produtos agroquímicos na agricultura brasileira, assim como a degradação ambiental de modo geral. Utilizando uma linguagem forte e emotiva, Lutz defendia um olhar holístico sobre a natureza, a ecologia profunda, em que o homem não é o centro e sim parcela do conjunto da natureza. Tornou-se conhecido mundialmente, com intensa participação em movimentos ambientalistas na Europa, nas três Américas, Ásia e África. Em 1985, criou a empresa Vida Produtos e Serviços em Desenvolvimento Ecológico, que emprega cerca de 100 pessoas na consultoria e empreitada em engenharia sanitária, reciclagem de produtos industriais, jardins e paisagismo. Em 1987, criou a Fundação Gaia, para promover consciência ecológica e o desenvolvimento sustentável por meio da educação ambiental, em especial para as crianças, e práticas de agricultura ecológica e regenerativa. Entre os inúmeros prêmios que recebeu, em 1988 foi contemplado com o "Right Livelyhood Award", conhecido como o Nobel Alternativo. Foi Secretário Especial do Meio Ambiente do Governo Federal, com prerrogativas de Ministro, de março de 1990 a meados de 1992, na gestão Fernando Collor de Mello.

José Celso Aquino Marques

Celso Marques recebe o Diploma das mãos de Cláudio Dilda, presidente da FEPAM - Foto SEMA

Nasceu em Bento Gonçalves, em 1944, divide suas atividades entre a cátedra de Filosofia no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, e a fazenda em São Borja, onde mantém a tradição da sua família. A conciliação desses trabalhos requer 50 mil quilômetros de viagens por ano desde 1992. Do seu contato com a colônia japonesa em São Paulo, onde iniciou seus estudos universitários de Filosofia, inclinou-se para a especialização no pensamento budista e o diálogo entre o Oriente e o Ocidente, focando a superação da crise ecológica e a busca de um projeto novo para a civilização. Desde 1972 milita na Agapan, tendo presidido a entidade em três gestões sucessivas, de 1986 a 1993. Além de professor, fazendeiro e ambientalista, Celso Marques é escritor, músico amador e poeta.

Magda Elisabeth Nygaard Renner


Magda recebe o Diploma das mãos de sua irmã, Verena Nygaard, presidente da FZB - Foto SEMA

Nasceu em Porto Alegre, em 1926, Magda Renner foi professora de Línguas e Filosofia. Ingressou na Ação Democrática Gaúcha Feminina em 1964, iniciando uma laureada trajetória no movimento ambientalista brasileiro e internacional. Em 1974, lançou a campanha de reciclagem de lixo e preservação das ilhas do Guaíba. Ao receber homenagem nos Estados Unidos, em 1980, conheceu o grupo Amigos da Terra, criando um elo entre esta entidade e a ADGF, que passa a se chamar Amigos da Terra/Brasil. Participou da elaboração da Lei dos Agrotóxicos, em 1982, mesmo ano em que foi uma das fundadoras da Rede Internacional sobre Pesticidas, em Penang, Malásia. Co-fundadora, em 1988, da Frente Verde em Brasília, cuja atuação foi decisiva para a inclusão do capítulo do Meio Ambiente na Constituição Federal.

Texto do Jornalista Juarez Tosi, repórter da Ecoagência Solidária de Notícias Ambientais – juarez@ecoagencia.com.br.
Fotos de Adriano Becker para a EcoAgência e também da SEMA - Assessoria de Comunicação.


Última atualização: 21 janeiro, 2013 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
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