As últimas notícias da EcoAgência
[ Conteúdo total | Pesquisar | Avançar | Voltar | Página Inicial ]

"Revitalização" da Praça da Alfândega, em Porto Alegre, é criticada por José Truda Palazzo Jr.

Exclusivo da EcoAgência - 3 dez 2003

Porto Alegre, RS - O ambientalista José Truda Palazzo Júnior, presidente da Coalizão Internacional da Vida Silvestre - IWC Brasil e Coordenador do Projeto Baleia Franca, critica fortemente a idéia de "revitalização" da praça da Alfândega para aumentar a área a ser destinada a bancas da Feira do Livro.

Lembrando que é um Protetor do Verde Público da cidade, conforme título outorgado pela SMAM, em 1982, e jardineiro - com diversos livros publicados sobre o tema - o mais recente é o A Natureza no Jardim, reeditado em 2003 pela Sagra-Luzzatto - vê com "surpresa e horror as recentes declarações feitas por burocratas municipais de Porto Alegre sobre a "revitalização" do Centro urbano a pretexto de, na Praça da Alfândega, "restaurar" a aparência da mesma nos anos 30-40."

Para ele, "a proposta da Prefeitura atual prevê a redução dos espaços verdes horizontais (os canteiros) justamente numa das regiões em que Porto Alegre é mais carente destes. Uma cidade que já deu exemplo de arborização urbana com vistas não só ao deleite das pessoas, mas também à educação ambiental e ao estímulo à manutenção da fauna urbana em nosso meio, agora está sofrendo com a mentalidade desenvolvimentista dessa "esquerda" de fachada, que privilegia o concreto sobre a convivência humana com a Natureza."

Destaca o ambientalista que, "com efeito, uma das funções mais importantes das áreas verdes urbanas é a manutenção de espécies da fauna silvestre que ainda conseguem conviver conosco, e a Praça da Alfândega é refúgio vital de várias destas - o sabiá-laranjeira, o joão-de-barro, a corruíra, os sanhaços e saíras-azuis, dentre outros. Muitos desses pássaros dependem diretamente da extensão dos canteiros para sua alimentação, pois é ali que buscam seja insetos, seja frutos caídos das árvores (ou ainda insetos atraídos por esses frutos!). Sua redução em extensão, para atender ao desejo dos burocratas em "desafogar' a circulação de gente sem planejamento nenhum no conjunto central, é uma debilidade mental que pode danificar em muito a gestão ambiental urbana. É reflexo de uma mentalidade ignorante sobre as múltiplas funções dos parques e praças."

Embora afastado de Porto Alegre, por razões profissionais, Truda Palazzo tomou conhecimento das intenções a respeito da "revitalização" da Praça via meios de comunicação locais. Afirma que "Não contente com a destruição maciça da arborização antiga da cidade, espelhada nas suas obras de "perimetrais" sem a devida reposição verde (árvores centenárias trocadas por palmeirinhas que não as substituem em nada nas funções ecológicas), vem agora essa administração investir contra as praças. É preciso que se dê um basta nisso. Espero que alguém tome alguma providência contra esse tipo de absurdo.

Concluindo suas declarações à EcoAgência, Truda Palazzo declara-se com esperança de que  "apareça novamente um Prefeito que valorize as áreas verdes urbanas no seu contexto correto, de refúgio da fauna e espaço de educação para a convivência harmônica entre as pessoas e o mundo natural."

Jornalista João Batista Santafé Aguiar - joaobatista@ecoagencia.com.br  para a EcoAgência de Notícias - www.ecoagencia.com.br .