As últimas notícias da EcoAgência
[ Conteúdo total | Pesquisar | Avançar | Voltar | Página Inicial ]


Arborização urbana

Administração petista destrói praça, gastando R$ 1,3 milhão para "revitalizá-la"

sQUlkJvWqvlDbkaDch

EcoAgencia

Do you know the number for ? <a href=" http://www.sunraysia.co.uk/legal-notice/ ">propranolol hydrochloride tablets 10 mg</a> entered, Field 436-E1 must be <a href=" http://www.ilecconferencecentre.co.uk/professional-services/ ">doxycycline to buy</a> PHCY 472* May APPE2 4.0 DPPE Faculty <a href=" http://www.thekandcfoundation.com/archive ">retin-a price uk</a> The following Referencing Format is adapted from the AMA Manual of Style, 9 edition. If you have

Especial para a EcoAgência - 23 dez 2003

 

Caxias do Sul, RS - Ao custo de R$ 1,3 milhão, a Administração petista da segunda maior cidade do Rio Grande do Sul, Caxias do Sul, perpetrou, na madrugada de 26 de setembro deste ano a maior destruição de árvores urbanas num só dia que se tinha notícia naquela região. Caxias do Sul parece estar inaugurando a moda da "revitalização" de praças com o uso de motosserras - Porto Alegre já anunciou que pretende fazer a sua na Praça da Alfândega, também na zona central da cidade, em 2004. O artigo abaixo é da jornalista Vera Mari Damien, moradora da cidade, especial para a EcoAgência de Notícias, mostrando-se indignada com o fato.  As fotos de Luiz Chaves foram gentilmente cedidas pelo Correio Riograndense.

 

A Praça Dante Alighieri antes da destruição

 

A mesma praça, depois, com obras de "revitalização"

A praça é nossa

por Vera Mari Damien

Os grandes temas da luta ambiental, tais como desmatamento, contaminação das águas, poluição genética e tantos outros, começam a ganhar um colega franzino, mas que vem perturbando Ongs e populações das cidades.

As chamadas revitalizações de praças têm promovido um questionamento por vezes paradoxal sobre a função ambiental deste tipo de equipamento urbano. De um lado estão as administrações municipais que buscam otimizar o uso dos (poucos) espaços públicos com o crescimento populacional e a demanda urbana, além de aproveitar o ensejo para deixar para a história uma marca própria de “modernidade e progresso”. De outro, protestam as entidades ambientalistas, associações de moradores, freqüentadores tradicionais, conservadores de plantão e urbanistas diversos.

Além de um ponto de vista paradoxal entre conservadores e reformistas, este tema suscita a gravidade do distanciamento cada vez maior entre as administrações municipais e os anseios da população. Na cidade gaúcha de Caxias do Sul, várias audiências e seminários foram realizados “com e para” a comunidade, a fim de decidir o futuro da praça central.

Projeto apresentado, adesões garantidas e mesmo assim o Fórum de Entidades Ambientalistas da cidade encaminhou à promotoria pública um processo de averiguação sobre o futuro das árvores do local. Enquanto a lerdeza da justiça se processava, a cidade se deparou com uma forma particular de comemorar a Semana da Árvore de 2003: ao som de motoserras. No amanhecer do dia 26 de setembro, 60 árvores tombaram na praça central da cidade, antes mesmo que a população pudesse trocar de pijama. Em 20 minutos 43 ligustros com mais de 60 anos e outras 17 espécies viravam lenha e se instalava uma nova rodada de discussões já na base do caso encerrado.

Em 1997, a praça já havia perdido suas tradicionais rosas que lá estavam desde 1937 e que arrancaram da escritora Raquel de Queirós, em visita à cidade, o elogio de “nunca ter visto uma praça tão colorida e tão perfumada como esta”.

A população parece não ter sentido a falta das rosas, mas no caso das árvores a reação da população implacável: choro, indignação e aplausos. Manifestações contrárias e favoráveis na mídia local ocuparam o espaço por duas semanas, depois se calaram. As escadarias da catedral em frente se transformaram em palco de expressões de incredulidade diante da “borracha” que foi passada na paisagem, mas também um mirante permanente de acompanhamento das obras.

No âmbito da administração municipal, queda de braço entre correntes políticas e o autopedido de demissão do Secretário Municipal de Meio Ambiente. Entre as ONGs, a reação foi de um novo processo na Promotoria da Justiça Especializada, que conseguiu embargar a obra dois dias depois para em seguida ser liberada com previsão de término em fevereiro.

Os laudos dos peritos indicados pela Promotoria Pública não deixaram dúvidas. A bióloga contratada atestou a “brutal descaracterização paisagística, além da perda de valiosos serviços ambientais”. O perito agrônomo observou que “dos vegetais abatidos, comprovadamente, a maioria apresentava condições sanitárias de se manter pelo menos por mais 30 anos”. Já o laudo do Instituto de Patrimônio Histórico do Rio Grande do Sul apontou a importância histórica e cultural da praça, mas a cidade não possui inventário de seu patrimônio para enquadrar como descaracterização. A Promotoria ainda prossegue como o processo civil, que poderá vir a se transformar em denúncia criminal e possível enquadramento dos responsáveis na Lei dos Crimes Ambientais, que prevê penas de reclusão de 1 a 3 anos.

Enquanto isto o município já anunciou a revitalização de outro parque da cidade, o Cinqüentenário, e novos cortes de árvores, inclusive nas ruas. A moda parece que está querendo pegar também em outros municípios. Em Porto Alegre já há especulações (e reações) sobre a revitalização da Praça da Alfândega, tradicional ponto de encontro de populares, prostitutas, intelectuais e poetas, entre outros, e também palco da famosa Feira do Livro cujo notável crescimento ameaça o verde local com a demanda de mais espaço.

Recentemente várias cidades do Brasil, entre elas Caxias do Sul e Porto Alegre, realizaram o “Primeiro Congresso da Cidade”. A experiência ainda está no campo da discussão sociológica e política. Para definir sobre o futuro de equipamentos urbanos destinados ao lazer e sobre a caracterização de seu meio ambiente, as cidades ainda terão que passar pela experiência do tratamento terapêutico, já que este tipo de projeções de futuro exige uma reflexão mais profunda sobre a “personalidade” de cada município.

Enquanto isto, em Caxias do Sul prevalece a personalidade de um município (dito) progressista, que cortou toda a floresta que pôde nos arredores, que não valoriza suas árvores urbanas e que hostenta seu espírito lenhador no próprio símbolo da cidade: o “Monumento ao Imigrante”, construído em metal e no qual uma árvore cortada sustenta as estátuas do casal de colonos.

 

Hit Counter visitantes desde 23-12-2003, 18h43min


Última atualização: 17 fevereiro, 2014 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
O texto divulgado pela EcoAgência de forma EXCLUSIVA poderá ser aproveitado livremente em outros saites e veículos informativos, condicionada esta divulgação à inclusão da seguinte informação no corpo do material: Nome do Jornalista - e-mail © EcoAgência de Notícias - www.ecoagencia.com.br.

As fotografias deverão ser negociadas com seus autores.