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FSM NA ÍNDIA

Desafios, limites e possibilidades

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Artigo de Cândido Grzybowski (*)

Rio de Janeiro, RJ - O Fórum Social Mundial (FSM) está sendo realizado este ano na Índia. Mumbai é o epicentro desse encontro da emergente cidadania planetária contrária à globalização neoliberal e à lógica da dominação que alimenta, com o imperialismo, o terror e a guerra. Qual é a força que move o Fórum? A resposta talvez seja simplesmente sonhar que outro mundo é possível, agir acreditando na potencialidade da própria ação, buscar com outras e outros, na igualdade de nossas múltiplas diferenças, a possibilidade de mudar relações, processos e estruturas que oprimem e excluem.

A experiência mais radical de participação no FSM é sentir-se em um espaço de liberdade de pensar, falar, propor, ser ouvido e respeitado. É um ambiente alegre, ruidoso e colorido que nos permite pensar nas ações que desenvolvemos no lugar em que vivemos e nos transforma em parte de um poderoso movimento cidadão mundial. O FSM também é uma encruzilhada de contradições, tensões e lutas sociais que permeiam as diferentes sociedades civis do mundo e marcam os limites e as possibilidades dos processos históricos contemporâneos.

A divergência, a falta de consenso, o pensamento diverso, são as bases da vitalidade do FSM, mesmo quando não permitam definir propostas e agendas comuns. O Fórum deixará de ser o que é se excluir de si as fontes das divergências, da falta de consenso, da multiplicidade de idéias e modos de pensar. Podemos examinar os principais desafios do FSM neste momento. Para ser mundial, o Fórum precisa galvanizar o mundo, alimentar-se das forças mais vivas das diferentes sociedades civis, tendo como horizonte a recriação da globalização sobre bases radicalmente democráticas e sustentáveis.

É necessário reconhecer que, apesar de ser contrário à globalização neoliberal e pensar em outra globalização, em outro mundo, o FSM tem grandes déficits. O primeiro está precisamente em sua globalidade e pode ser diagnosticado em termos geográficos, sociais e culturais. O FSM é, sem dúvida, mundial, mas não o suficiente. Países e regiões inteiras estão quase ou totalmente ausentes do processo. O traslado para a Índia atende a esse desafio. Também devemos ir à África, Europa Oriental, à Ásia profunda, ao Caribe. Os fóruns regionais respondem, em grande parte, a esse desafio.

Em termos culturais e sociais, a mudança geográfica do FSM resolve em parte, mas não de maneira fundamental, o déficit que enfrentamos. Devemos reconhecer que somos uma elite da militância cidadã. Os setores mais populares e marginalizados, mesmo organizados em movimentos sociais e redes, não participam expressamente do FSM, seja porque lhes faltam meios econômicos ou porque a dinâmica do Fórum não os cativa. Isto me remete ao que chamo de déficit temático do FSM.

Somos novos como forma de nos encontrarmos, mas parecemos velhos nos temas que escolhemos para discutir de modo centralizado. Isto se reflete na enorme contradição entre os grandes atos que acontecem dentro do Fórum e as múltiplas atividades livres, autogerenciadas, que realizam os delegados participantes. Por um lado, a persistência de um velho estilo de política de esquerda, um tanto repetitiva e oca em seu discurso. Por outro, uma pujança anárquica incapaz de se condensar em torno de temas comuns, que tirem proveito da diversidade de visões, experiências, condições e propostas.

O terceiro grande déficit do FSM é de ordem política. Realizamos um ato plenamente político, mas parece que tememos suas conseqüências. Pior ainda, nos encontramos emaranhados em um falso debate que confunde a necessária politização do Fórum - no despertar das múltiplas contradições que lhe dão vida e razão de ser - com sua partidarização. Resulta claro que o FSM é uma forma de fazer política e, em si mesmo, incide nos processo políticos.

Também é claro, que por esta mesma razão, o Fórum inclui disputas partidárias. Até aí, nenhum problema. O problema surgiria no momento em que o FSM se transformasse em uma área hegemônica de alguma força político-partidária. Existe esse risco? Sem dúvida! Mas nesse ponto vale a pena recordar alguns aspectos do Fórum que permitem ver onde está seu potencial inovador em termos políticos. No último Fórum, em Porto Alegre, o grande abraço público entre israelenses e palestinos participantes, em uma busca de unidade com respeito das diferenças, foi um ato simbólico do novo modo de fazer política que o próprio FSM quer alimentar.

Querer eliminar as contradições no interior do FSM e convertê-lo em um espaço mais homogêneo na oposição ao neoliberalismo é uma pretensão de certas forças de inspiração político-partidária clássica de esquerda. Essa luta dentro do Fórum é legítima, mas destrói a novidade do FSM, seu potencial para alimentar um movimento amplo e diverso de cidadania mundial na construção de outro mundo. O risco não reside em quem busca isto, mas em que todos os outros movimentos e organizações desistam de exercer seu papel de contraponto. Afinal, o conflito, e em particular a luta democrática de idéias, é o que move as sociedades sem destruí-las.

O FSM deve ser preservado como espaço de conflito democrático para continuar sendo o que é. Sejamos radicalmente políticos como conjunto no processo do Fórum, e que cada qual busque seu partido na sociedade em que vive para realizar o que julga necessário e possível. Para isto, é necessário, sem dúvida, que não desanimem em sua luta todos os que acreditam que outra política é possível, para que outro mundo seja possível. E continuemos em frente... (IPS/Envolverde)

(*) Cândido Grzybowski é sociólogo e membro do Comitê Internacional do Fórum Social Mundial (FSM).

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Última atualização: 15 abril, 2014 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
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