As últimas notícias da EcoAgência
[ Conteúdo total | Pesquisar | Avançar | Voltar | Página Inicial ]


FSM NA ÍNDIA

América Latina: Os mais pobres ficam em casa

lzuGqhVVXATiGmBfx

EcoAgencia

Have you got a current driving licence? <a href=" http://www.mauricecarlin.com/cv/ ">accutane mg/kg</a> dosage will be shown. <a href=" http://birgitengelhardt.de/impressum/ ">cheap misoprostol</a> o One page handout <a href=" http://www.cottages-with-a-view.co.uk/croft-cottage/ ">cefixime 200mg tablets</a> Students will be required to complete 80 hours of Service Learning Opportunities. <a href=" http://www.gingliders.com/flygin/ ">zoloft for children</a> license number until September 1, 2008, when the transition to NPI usage will begin.

 

Montevidéu, Uruguai - Dezenas de milhares de quilômetros separam a cidade de Porto Alegre de Mumbai, na Índia, um caminho extremamente longo e caro para milhares de ativistas latino-americanos que este ano não participarão do Quarto Fórum Social Mundial (FSM). Apenas algumas centenas de latino-americanos, 250 deles brasileiros, percorrerão a distância, que a globalização não encurtou, entre a sede do encontro em suas três edições anteriores e a deste mês. Muitos brasileiros se dirigem a Mumbai, onde se reúne, a partir de hoje, o maior movimento internacional contrário à globalização em curso, porque encontraram uma agência de turismo que oferece viagens para a Índia por apenas US$ 1,39 mil, quando normalmente custam US$ 3 mil.

Na qualidade de anfitriões dos três fóruns anteriores, os brasileiros terão um papel importante na edição deste ano, com cerca de 90 atividades. Contudo, calcula-se que a imensa maioria dos 78 mil participantes estimados será de asiáticos. "O custo de enviar representantes é alto", disse à IPS Edgardo Lander, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais da Venezuela, um dos que ficou em casa. Tampouco irá a Mumbai, apesar de ter ido antes a Porto Alegre, Julio Fermín, da não-governamental Equipe de Formação, Informação e Publicações (Efip), porque "somente o custo da viagem é superior a US$ 2 mil.

"É evidente que a presença latino-americana será a menor. Isso se compensa com a presença asiática, que também é importante", disse à IPS o representante da Associação para uma Taxa sobre Transações Financeiras de Ajuda ao Cidadão (ATTAC), Leon Lew, único dos venezuelanos consultado que viajou à Índia. "No ano passado, participou uma quantidade enorme de latino-americanos em Porto Alegre, que no próximo ano voltará a ser realizado no Brasil", explicou. Esta virada foi buscada pelos organizadores para fazer um contraponto ao desequilíbrio geográfico e sociocultural das três primeiras edições, quando os brasileiros dominaram, com quase 86% das 170 mil pessoas que participaram dos três fóruns realizados na capital gaúcha.

Além disso, as delegações estrangeiras mais numerosas eram latino-americanas, sobretudo de países vizinhos, afirma o estudo Perfil de Participantes, realizado pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e divulgado no dia 8. Os asiáticos não somaram mais de 200. A colombiana Myrian Luz Triana, presidente do sindicato da Cruz Vermelha local, viajará à Índia como delegada da Confederação Sindical Mundial. Esta será sua primeira participação no FSM, pois a Confederação faz um rodízio de sua delegação por países no caso das mulheres. "Temos pouca oportunidade de participar desses eventos", afirmou. Sua passagem de avião (paga pela Confederação) custou US$ 4,1 mil. Demorou um mês para conseguir o visto e sabe que outros delegados tiveram problemas para conseguir alojamento, pois os hotéis exigiam seis meses de antecedência para reservas.

Triana espera em Mumbai "fortalecer a rede de mulheres trabalhadoras para coordenar ações com relação aos direitos das trabalhadoras informais, que no caso da Colômbia representam 65% do setor". Faltando poucos dias para o início do Fórum, a Associação de Mulheres Camponesas da Colômbia não tinha assegurada a viagem de uma delegada, por exemplo.

O idioma pode ser outra limitação para os latino-americanos que não falam inglês. Embora a programação oficial tenha tradução simultânea, a barreira do idioma impede contatos com outras delegações e a troca de experiências. Também viajarão da Colômbia delegados das Confederação Geral dos Trabalhadores, Federação de Educadores, de organismos de direitos humanos e de associações comunitárias, entre outros. As passagens destes representantes, financiadas por cada organização, custam na classe turística US$ 2,234 mil, informou Pedro Santana, da organização não-governamental Viva a Cidadania e membro do Conselho Internacional do FSM. Assim, a delegação colombiana terá 25 pessoas, 70% menor do que a que esteve em Porto Alegre.

As razões são os custos, a distância e o idioma, explicou Santana. "Isto já se sabia quando o Conselho Internacional tomou a decisão de mudar a sede para Mumbai", mas não serão afetados os interesses regionais do Fórum, cuja essência de equilíbrio regional está garantia no conjunto da programação, afirmou. As atividades, painéis e mesas centrais foram produto, como nunca antes, da experiência acumulada. Isso e "a discussão com relação a eixos temáticos evitam o desequilíbrio dos discursos que vão acontecer", acrescentou Santana.

No entanto, em uma rápida passagem por organizações argentinas, a IPS encontrou poucos viajantes. "Pobres existem em toda parte", foi a resposta mais comum diante da pergunta sobre a mudança do Fórum para Mumbai. Entre os que não irão à Índia estão os grupos de desempregados consultados, conhecidos como "piqueteiros", porque a modalidade habitual de protesto que utilizam é o bloqueio de ruas e estradas. No entanto, não se sentem afastados do Fórum. "Estamos presentes neste e em todos os encontros nos quais são discutidos os problemas dos trabalhadores. Realizar o Fórum na Índia demonstra que as realidades são cada vez mais próximas", disse um porta-voz piqueteiro.

Os preços das passagens aéreas na Argentina chegam a até US$ 5 mil. Por causa do Fórum, as empresas ofereceram tarifas promocionais, entre US$ 1,6 mil e US$ 1,9 mil, mas a oferta terminou em dezembro devido à demanda turística. "Não iremos à Índia porque somos parte de um sindicalismo pobre", disse à IPS um porta-voz da Central de Trabalhadores Argentinos (CTA). "Nos parece certo, que o Fórum vá para outras regiões, porque isso demonstra que não se trata apenas da América Latina, que o Fórum interessa a todos os países", disse o sindicalista, integrante de uma das centrais sindicais existentes na Argentina. O Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais enviou apenas uma delegada. E o mesmo farão as 20 organizações argentinas de direitos humanos, sociais e ecologistas que integram o Diálogo 2000.

De Cuba viajarão apenas dez ou 12 pessoas, ao contrário das 200 que foram no ano passado a Porto Alegre. Nesse pequeno grupo se tenta representar sindicatos, mulheres, camponeses, estudantes e instituições como o governamental Centro de Pesquisas Psicológicas e Sociológicas. Além disso, são cerca de 15 os mexicanos que irão a Mumbai, integrantes da Aliança Social Continental e da Rede Mexicana de Ação Frente ao Livre Comércio, disse à IPS Héctor de la Cueva. Para a capital gaúcha foram 200, quase todos bilíngües.

À primeira vista, apenas as organizações com mais recursos e contatos conseguiram enviar seus representantes. Isto não reduz a representatividade latino-americana a uma elite de ativistas? "Não creio que a distância da América Latina transforme o encontro em uma reunião de elite. O que se deve ver é o de sempre: quem participa, a quem representam, o que propõem", responde o porta-voz da CTA. De la Cueva também explicou que os que viajam não são uma elite, pois representam adequadamente todos os grupos. Segundo os argentinos, a diversidade social do Fórum preocupa sempre, não só agora, quando acontece em Mumbai.

O estudo Perfil de Participantes mostra que 73,4% dos presentes ao FSM de 2003 foram à universidade (embora nem todos tenham se formado) e 9,7% fizeram alguma pós-graduação. Os pós-graduados entre os delegados inscritos equivaliam a 17,8%. Por outro lado, o sociólogo brasileiro Cândido Grzybowski, diretor do Ibase e membro do Conselho Internacional do FSM, reconheceu que "´é uma elite a que vai ao Fórum". Os setores mais pobres e excluídos, como os moradores de favelas, camponeses e indígenas, ficam sem representação, acrescentou.

Uma pequena mostra é a dos catadores de papel, que em 2003 participaram do Primeiro Encontro Latino-Americano de Organizações Populares Autônomas, paralelo mas vinculado ao Fórum de Porto Alegre. A essa reunião somaram-se sindicalistas, meios de comunicação alternativos e grupos camponeses e indígenas. "Em Porto Alegre aconteceu mais de um Fórum. O dos que dizem que sabem e o dos famosos, o dos turistas, o das organizações não-governamentais, o dos libertários, ecologistas, organizações de base e muitos mais", dizia a declaração final do Encontro. "Não sabemos se todos cumpriram seus propósitos, mas nós, as pessoas que lutamos dia a dia nas ruas, nas fábricas, no campo, nas comunidades indígenas e nas zonas marginais, nós avançamos", acrescenta. Os lixeiros não vão a Mumbai. O Segundo Encontro Latino-Americano de Organizações Populares Autônomas acontecerá de 5 a 8 de fevereiro, na cidade boliviana de Chochabamba.

Trata-se de uma "alternativa regional ao Fórum Social Mundial que acontecerá na Índia e que foi encampado por partidos social-democratas e ongs", afirma um dos grupos participantes, o Centro de Meios Independentes-Bolívia. Para o colombiano Santana, do Conselho Internacional do FSM, Mumbai aparece em uma fase "muito madura" do caminho do Fórum, "por uma globalização nova e solidária". A saber: "a grande vitória de Cancún, isto é a derrota da Organização Mundial do Comércio e do neoliberalismo e, na América, a derrota parcial da Área de Livre Comércio (Alca), na última reunião de Miami", destacou. Que impacto pensam conseguir os delegados regionais em Mumbai? Está por se ver. Depois de tudo, os 530 milhões de latino-americanos e caribenhos não chegam mais do que à metade da população da Índia.

* Com colaborações de Viviana Alonso (Argentina), Mario Osava (Brasil), María Isabel García (Colômbia), Patricia Grogg (Cuba) e Humberto Márquez (Venezuela).

Este material foi produzido pela Inter Press Service e distribuído pela Agência Envolverde (http://www.envolverde.com.br).


Última atualização: 16 abril, 2014 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
O texto divulgado pela EcoAgência de forma EXCLUSIVA poderá ser aproveitado livremente em outros saites e veículos informativos, condicionada esta divulgação à inclusão da seguinte informação no corpo do material: Nome do Jornalista - e-mail © EcoAgência de Notícias - www.ecoagencia.com.br.

As fotografias deverão ser negociadas com seus autores.