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REGIONAL

Romaria da Terra: 20 mil pessoas defendem a importância da água - 

Procissão, que dá início à Campanha da Fraternidade 2004, criticou a privatização no setor

Especial para Ecoagência de Notícias - 24 fev 2004

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EcoAgencia

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Porto Alegre, RS - A necessidade de preservar os mananciais hídricos e lutar contra a privatização da água levou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) a escolher esse tema como símbolo da Campanha da Fraternidade em 2004. O lançamento oficial da campanha que leva o título Água Viva, Vida na Terra, ocorre nesta quarta-feira (25), após o encerramento do carnaval. No entanto, nessa terça-feira (24) foi realizado o primeiro ensaio sobre a importância do tema escolhido. Cerca de 20 mil pessoas, segundo os organizadores do evento, participaram da Romaria da Terra, no município de Entre Rios do Sul, na região norte do Rio Grande do Sul.

A missa foi celebrada pelo bispo de Erechim, Dom Jironimo Zanandrea. Após a celebração da missa, ele falou sobre o tema. De acordo com Dom Jironimo Zanndrea não é possível que um recurso tão escasso e necessário à sobrevivência humana na terra, seja disputado em busca do lucro. “Temos que nos manifestar contra a privatização e a mercantilização da água”, disse ele.

A Romaria da Terra deste ano iniciou às 8 horas, quando os participantes fizeram uma caminhada de dois quilômetros, entre a Igreja Matriz da cidade e as margens da Barragem do Rio Passo Fundo. A procissão foi organizada pela diocese de Erechim, Comissão Pastoral da Terra e Confederação Nacional dos Bispos do Brasil. Em seguida, o bispo Dom Jironimo Zanandrea celebrou a missa, que contou com a participação dos ministros do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto, e das Cidades, Olívio Dutra. Dutra é tradicional participante da Romaria, desde quando sindicalista no Banrisul. Durante a tarde foram realizadas várias outras atividades.

Papel Social

Com o tema escolhido para a Campanha da Fraternidade 2004, a CNBB quer enfatizar seu papel social. O presidente da entidade, Dom Geraldo Majella Agnelo, diz que o tema escolhido tem por objetivo denunciar a poluição das fontes e o desperdício de água que ocorre em todo o país. "Mundo sem a água, deixa de ser o mundo como ele é", destacou. Já, o vice-presidente da CNBB, Dom Antônio Celso Queiroz, entende que a campanha pretende ajudar para que se inicie uma mudança de atitude em relação ao uso da água no dia-a-dia. "Pretendemos alertar ao povo brasileiro para que economize água, uma vez que ela não pode ser reaproveitada. Por que lavar calçadas e carro com água que não foi usada? É através desse apelo que a Campanha da Fraternidade pretende atingir todos os brasileiros".

O bispo responsável pela Campanha da Fraternidade na Regional Sul 1 da CNBB, Dom Fernando Legal, por sua vez, acrescenta que existe também a questão simbólica da água para a Igreja Católica: "A água é a renovação, a purificação, a fonte da vida, e precisa ser respeitada, preservada. Atualmente, a Igreja tem-se preocupado mais com a realidade social da comunidade e, embora tenha radicalmente uma função espiritual, não exclui os aspectos materiais da nossa vida, tem consciência de que para haver fraternidade é necessário superar os obstáculos que impedem esta fraternidade”.

Segundo ele, algumas pessoas perguntam: o que a Igreja tem que ver com questões sociais? “Eu respondo”, acrescenta, “que a Igreja se destina à pessoa humana, que tem uma dimensão temporal, material, muito significativa. Se quisermos construir uma sociedade justa, fraterna, precisamos enfrentar os desafios sociais que a realidade nos impõe. Espero que possamos contribuir para a conscientização de que precisamos garantir que a água permaneça fonte de vida abundante para todos".

Texto do Jornalista Juarez Tosi  - juarez@ecoagencia.com.br com agências da notícias.