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TRIBUNAL DOS TRANSGÊNICOS

AGAPAN avalia que o Tribunal serviu para esclarecer o público

12 março 2004 - Especial para a EcoAgência de Notícias

Porto Alegre, RS - É unânime a avaliação positiva da realização do Tribunal Internacional Popular sobre os Transgênicos, realizado na quinta-feira, 11/3, em Porto Alegre. "Minha avaliação é superpositiva, pois o Tribunal serviu para esclarecer muitas pessoas que participaram do evento", diz Edi Fonseca, presidente da Agapan - Associação Gaúcha de Proteção do Ambiente Natural. Para ela, as manifestações dos peritos e das testemunhas esclareceram questões que contribuíram com o entendimento da problemática dos transgênicos, em especial para os pequenos trabalhadores rurais.

Quanto à Acusação e à Defesa, Edi Fonseca diz considerar os argumentos suficientes, apesar de que a Acusação pecou em não anular a Defesa, considerada "apelativa", em que o advogado questionou a atitude de duas trabalhadoras rurais, mães, diante da fome e de um prato com alimento transgênico.

"Considero essa atitude uma agressão e, ao mesmo tempo, nos deixa uma interrogação: será que é essa a opção que a Monsanto, detentora do monopólio da soja, deixará para a humanidade? Será que vai chegar o dia em que só teremos essa opção para fazer: o transgênico ou a fome? Espero que não", finaliza a ambientalista.

Biodiversidade

Logo após a reunião do Conselho de Sentença do Tribunal Internacional Popular sobre os Transgênicos, cada jurado leu seu voto. O livre docente da Unicamp (Universidade de Campinas – SP) e membro do Instituto Sócioambiental, Laymert Garcia dos Santos, destacou que, com a liberação dos transgênicos, o futuro dos camponeses estará nas mãos das multinacionais. "Corremos o risco de ver desaparecer os pequenos agricultores. Seria como uma raça em extinção", analisa Santos, ao reforçar que, além da Monsanto e da Farsul, "o Estado brasileiro também deve ser responsabilizado".

Christian Guy Caubet é professor titular do Departamento de Ciências Jurídicas da Universidade Federal de Santa Catarina, presidente da Fundação Água Viva e assessor Jurídico da Federação de Entidades Ecologistas Catarinense. Ele destaca que na França está ocorrendo um outro Tribunal, onde quatro ministros, entre 1988 e 1997, estão sendo processados por não terem tomado medidas contra a disseminação da vaca louca. "Omissão é grave", afirma, ao saudar as crianças que estavam no colo de suas mães, questionadas pelo advogado de Defesa das empresas acusadas. "Devemos ensinar a elas a plantar outras culturas e que a soja produzida não sirva apenas de ração para o gado da Europa", diz Caubet.

Filhos da Terra

Azelene Kaigang foi outra jurada do Tribunal Internacional Popular sobre os Transgênicos. Ela é socióloga, membro do Warã, Instituto Indígena Brasileiro, representante dos Povos Indígenas no Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar). Em seu depoimento, Azelene citou um ensinamento indígena, que diz que "o que acontecerá com a terra, acontecerá com os filhos da terra". Por isso, "devemos todos evitar a doença e a contaminação".

O procurador do Paraná, doutor em Direito Público e coordenador do Curso de Mestrado em Direito Sócio-Ambiental da PUC/PR, Carlos Frederico Marés de Souza Filho, lamentou a ausência dos réus, "que nos dizem que não querem discutir". Mesmo assim, Marés de Souza, além dos riscos ambiental e social com a liberação dos transgênicos, alerta também para responsabilidade dos acusados.

Marilene Felinto, escritora e jornalista, editora do jornal Brasil de Fato e autora de livros como “A Fome – em Sete Pecados do Capital” (Ed. Record), “Obsceno Abandono” (Record) e “As Mulheres de Tijucopapo” (Editora 34), destacou o monopólio da Comunicação no Brasil. Ela aconselha que as pessoas leiam e assistam à TV com um olhar crítico, sem acreditar que tudo é verdade.

As donas de casa foram representadas pela farmacêutica e servidora da Vigilância Sanitária do RS, Regina Maria Goytacaz da Costa, que após analisar os riscos à soberania e ao poder de escolha do consumidor, encerrou com a frase de uma canção gaúcha, que diz: "não podemos entregar pros homens...".

 

Jornalista Adriane Bertoglio Rodrigues - Especial para a Ecoagência de Notícias - www.ecoagencia.com.br  


Última atualização: 06 setembro, 2011 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
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