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ENERGIA - CONFERÊNCIA DE BONN

Em Bonn, Brasil perde a chance de receber investimentos

Atuação do país é negativa, ao apenas defender as grandes hidrelétricas; o país e o resto da América Latina saem, assim, de mãos vazias

4 junho 2004

 

Bonn, Alemanha - O Brasil perdeu a chance de receber investimentos internacionais para produção de equipamentos e geração de energia, ao não atuar em favor das fontes renováveis nas discussões realizadas em Bonn nos últimos quatro dias. Esta é a avaliação da Greenpeace, no encerramento do maior encontro intergovernamental já realizado sobre o tema, hoje na Alemanha.

O evento foi uma iniciativa importante, afirmam os representantes da entidade internacional. Porém, o pouco que a discussão avançou não tem relação com a atuação do governo brasileiro, que não liderou o grupo da América Latina e o Caribe na conferência, preocupando-se apenas com a apologia às grandes hidrelétricas. Ainda assim, faltam aos resultados a vontade política e a urgência necessárias para prevenir as mudanças climáticas perigosas.

"O país perdeu a liderança com relação a discussões do passado, porque insistiu em falar em prol das grandes hidrelétricas", disse Marcelo Furtado, coordenador de políticas públicas para a América Latina e o Caribe do Greenpeace, que participou da reunião.

Em várias falas durante a conferência, a ministra brasileira Dilma Roussef, representando a América Latina e o Caribe, defendeu a construção de grandes usinas hidrelétricas como solução energética para os países em desenvolvimento. Na Rio+10, em 2002, o Brasil defendeu que 10% da matriz energética de todo o mundo fosse proveniente de fontes renováveis, como a eólica, a solar e a de biomassa. As grandes barragens, na realidade, causam fortes impactos ambientais e sociais.

"Bonn mostrou que as energias renováveis estão a caminho para tornar-se grandes fornecedores mundiais de energia, apoiados pela sociedade civil, as empresas, os consumidores e os sindicatos", afirmou Marcelo Furtado. "A maioria dos governos reconhece que essas fontes são a única maneira de frear o aquecimento global. Mas eles ainda não estão destinando às energias renováveis a agenda política, fiscal ou regulatória necessárias".

Na mesma Rio+10 em Joanesburgo (África do Sul), quando o primeiro ministro alemão, Gerhard Schroeder, ofereceu o país para hospedar a conferência, ele desafiou os governos a apresentarem em Bonn projetos concretos, com investimentos concretos em fontes renováveis.

Entretanto, a maioria dos países industrializados deixou a desejar. Foram anunciados poucos novos investimentos. "A União Européia precisa tomar a frente. O continente deveria ter trazido para a conferência um compromisso para produzir pelo menos 20% da sua energia a partir de fontes renováveis, até 2020. Em vez disso, trouxe informações confusas e uma lista de projetos e políticas já existentes", disse Steve Sawyer, coordenador político da Greenpeace.

Ainda assim, alguns passos decisivos foram tomados em Bonn, mais notavelmente pela China, cuja liderança dará à revolução renovável um forte impulso. O país pretende gerar até 2010, a partir de fontes renováveis, 60 Gigawatts - número praticamente igual a quase toda a eletricidade que o Brasil produz atualmente. As Filipinas e o Egito anunciaram metas nacionais para as energias renováveis. Espanha e Dinamarca parecem estar seguindo o mesmo caminho. E o apoio político e financeiro da própria Alemanha às fontes limpas continua.

A Greenpeace entregou aos conferencistas um enorme bloco de gelo, dentro do qual havia dezenas de cartões postais enviados por cyberativistas de todo o mundo, inclusive o Brasil, pedindo que os países invistam nas fontes limpas. O derretimento do bloco de gelo deverá lembrar os governos sobre o efeito das fontes de energia fósseis sobre o aquecimento global.

Assessoria de Imprensa Greenpeace.


Última atualização: 06 setembro, 2011 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
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