As últimas notícias da EcoAgência
[ Conteúdo total | Pesquisar | Avançar | Voltar | Página Inicial ]


UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Rede de ONGs da Mata Atlântica protesta contra extinção do Parque do Delta do Jacuí

7 outubro 2004 – 14h

Porto Alegre, RS - Diversas entidades civis ambientalistas, integrantes da Rede de ONGs da Mata Atlântica, compareceram na manhã desta quinta-feira, 7/10, à abertura do I Seminário do Plano do Sistema Estadual de Unidades de Conservação - RS - que ora se realiza na capital do Rio Grande do Sul, e apresentou manifesto contra a transformação do Parque Estadual do Delta do Jacuí em simples e ineficaz Área de Proteção Ambiental. Após a manifestação as ONGs coordenadores da rede local das entidades da RMA - Projeto Curicaca, Centro de Estudos Ambientais e Mira-Serra, retiraram-se do local, em protesto pela virtual e concreta demolição e desinteresse do Governo do Estado pelas Unidades de Convervação locais.

Após a saída dos representantes das ONGs, técnicos dos quadros da Fundação Zoobotânica e da FEPAM manifestaram-se em tom pessoal apoiando o texto divulgado e lido pela Rede da Mata Atlântica. Mas informaram que continuariam presentes ao Seminário por dever funcional.

A seguir, a íntegra da manifestação:

Manifestação de repúdio contra o ato governamental lesivo ao DELTA
1º convite a uma reação da sociedade e suas instituições

A Rede de ONGs da Mata Atlântica do Rio Grande do Sul, que congrega 17 entidades ambientalistas do Estado, REPUDIA VEEMENTEMENTE o ato que o Governo do Estado do Rio Grande do Sul praticou contra o Parque Estadual Delta do Jacuí e os ecossistemas por ele protegidos ao decretar a criação de uma APA em substituição ao Parque.

O ato foi deliberadamente inconstitucional, pois fere o que estabelece o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, embora o Governo tenha sido previamente alertado de que alterações no Parque só poderiam ser feitas por meio de Lei.

O ato desrespeitou todo um processo de discussão em curso no CONSEMA e na sua Câmara Técnica Permanente de Biodiversidade e Política Florestal, no Comitê Estadual de Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e no Comitê do Lago Guaíba, assim como a todas as instituições e pessoas envolvidas no processo.

O decreto assinado pelo senhor Vice-Governador do Estado foi gerado no seio do Departamento Estadual de Florestas e Áreas Protegidas - DEFAP - e da Secretaria Estadual do Meio Ambiente - SEMA -, as duas instâncias responsáveis pela gestão das Unidades de Conservação estaduais e pela implantação do Sistema Estadual de Unidades de Conservação - SEUC -, o que as torna co-autoras e co-responsáveis pelo Decreto e suas conseqüências.

Entendemos que, nesse contexto e nesse momento, o DEFAP e a SEMA não possuem "moral" para convidar a sociedade a participar da elaboração do Plano do SEUC. Aqueles que trabalharem no Seminário, contribuindo com suas informações e idéias, em seguida serão novamente desrespeitados. Por isso, servirão apenas para legitimar um instrumento que será posteriormente tratado pelo Governo com o mesmo ato que se tornou a marca da gestão ambiental no Estado; o "canetaço".

Se no Seminário do Plano do SEUC sugerirmos que é extremamente importante a criação de novas unidades de conservação em ecossistemas ainda não protegidos, isso conflituará diretamente com a política atual do Governo - reduzir o tamanho das unidades de conservação ou mudar a categoria para uma menos restritiva.

Se sugerirmos que seja valorizada a participação da sociedade na gestão das unidades de conservação, isso conflituará com o tratamento dado a uma série de conselhos gestores de Unidades de Conservação estaduais - não estão sendo criados e/ou não estão sendo convocados a reunir-se.

Se sugerirmos que as unidades de conservação estão carentes em recursos humanos, infra-estrutura e equipamentos e que isso é um problema emergencial a ser resolvido, isso conflituará com a política financeira para a gestão de UCs - um orçamento insignificante do DEFAP e uma péssima aplicação dos recursos das medidas compensatórias.

Com tantos conflitos, e existem muitos outros, só pode imperar o "canetaço". Por isso, as entidades ambientalistas que integram a Rede de ONGs da Mata Atlântica no Rio Grande do Sul, nesse momento e sob esse contexto, não serão omissas e não participarão do I Seminário sobre o Plano do Sistema Estadual de Unidades de Conservação. Aguardaremos até que o DEFAP e a SEMA demonstrem alguma vontade concreta de modificar o cenário acima descrito. Quando isso acontecer, deverá ser resgatada a credibilidade da sociedade na capacidade dessas instituições e de seus governantes em assumir a responsabilidade pelas UCs Estaduais e em elaborar o Plano do SEUC. Daí estaremos novamente disponíveis e interessados em colaborar.

Sugerimos também as demais instituições convidadas que reflitam sobre o desrespeito que sofreram com o "canetaço" da APA do Delta e, dentro desse contexto, sobre o sentido de sua participação no seminário. Caso sintam-se tão pouco a vontade quanto nos sentimos, convidamos a que nos acompanhem nessa retirada do evento aderindo ao nosso protesto.

Porto Alegre, 7 de novembro de 2004.

Rede de ONGs da Mata Atlântica do Rio Grande do Sul

Texto da editoria da EcoAgências de Notícias Ambientais


Última atualização: 06 setembro, 2011 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
O texto divulgado pela EcoAgência de forma EXCLUSIVA poderá ser aproveitado livremente em outros saites e veículos informativos, condicionada esta divulgação à inclusão da seguinte informação no corpo do material: Nome do Jornalista - e-mail © EcoAgência de Notícias - www.ecoagencia.com.br.

As fotografias deverão ser negociadas com seus autores.