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As últimas notícias da EcoAgênciaCarga vale mais de R$ 10 milhões
São Paulo, SP - Mais de 33 toneladas de jacarandá (Dalbergia nigra) de origem ilegal foram apreendidas nessa quarta-feira (13) na Espanha. A madeira foi retirada ilegalmente da Mata Atlântica e contrabandeada para a Espanha como sendo de outra espécie. Estima-se que o valor da carga possa alcançar mais de R$ 10 milhões no mercado europeu. O Greenpeace, a Fundação SOS Mata Atlântica, o GAMBA (Grupo Ambientalista da Bahia) e a Rede de ONGs Mata Atlântica, representando 256 entidades civis, enviaram carta ao governo brasileiro pedindo a devolução imediata da madeira ao Brasil.
O jacarandá está listado no Anexo I da Cites (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas), o que significa que sua extração e comércio estão proibidos. Na carta, as ONGs também pediram que o governo determine uma investigação nos portos tradicionalmente usados para a exportação de madeira para impedir o contrabando da espécie.
A carga ilegal foi exportada através do porto de Vitória (ES). O jacarandá é uma madeira valiosa procedente da Mata Atlântica brasileira, nas florestas úmidas do sul da Bahia e norte do Espírito Santo. O dramático desmatamento destes ecossistemas, a exploração excessiva e indiscriminada da espécie e sua baixa densidade populacional levaram as autoridades a incluir, em 1992, o jacarandá no Anexo I da Cites como forma de aumentar sua proteção.
Na Espanha, o Serviço de Proteção da Natureza (SEPRONA) realizou uma operação contra o contrabando de madeira nas províncias de Madri, Cuenca, Granada e Valência. Dessas províncias, o jacarandá brasileiro era distribuído para outras regiões da Espanha e para consumidores nos EUA, Alemanha, Japão e Canadá. Seis pessoas foram presas na operação. A polícia espanhola está investigando as empresas importadoras.
O esquema criminoso empregado neste caso é muito semelhante ao denunciado pelo Greenpeace em 2002 sobre o contrabando de mogno. Em ambos os casos, a madeira exportada ilegalmente era declarada como sendo de outra espécie para escapar ao controle do governo. No Brasil, o Ibama é a autoridade responsável pela fiscalização das espécies listadas na CITES.
“É evidente que o governo brasileiro não está implementando os mecanismos de controle exigidos pelas leis internacionais”, disse Paulo Adário, coordenador da campanha da Amazônia, do Greenpeace. “O contrabando de madeira é uma grave violação ao tratado CITES, além de tratar-se de evasão de divisas e falsificação de documentos. É inaceitável que a biodiversidade brasileira fique à mercê da histórica incapacidade operacional das autoridades portuárias e do Ibama”.
A Mata Atlântica é um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta. Da cobertura florestal original, restaram apenas 7%. “Este é um exemplo de que, enquanto não tivermos a lei da mata atlântica aprovada, o ecossistema está definitivamente condenado. Não se trata apenas de perder um campo de futebol de Mata Atlântica a cada quatro minutos. Estão cortando um elo essencial da identidade do Brasil com a sua origem e, consequentemente, com a qualidade de vida de seus habitantes”, afirma Mário Mantovani, diretor de relações institucionais da Fundação SOS Mata Atlântica. "Ações sérias de fiscalização são necessárias e urgentes para conter o desmatamento ilegal na Mata Atlântica", acrescenta Miriam Prochnow, coordenadora da Rede de ONGs da Mata Atlântica.
“Este caso mostra como é urgente cumprir as decisões tomadas pela CITES, que concluiu hoje, em Bangkok, naTailândia, sua 13a Conferência das Partes. A União Européia e o governo espanhol devem agir para evitar que os países importadores sejam cúmplices da destruição das florestas remanescentes no planeta”, afirma Miguel Angel Soto, do Greenpeace Espanha. O Greenpeace também solicitará ao governo espanhol a devolução da carga ilegal de madeira ao Brasil.
Veja o comunicado de imprensa das autoridades espanholas em http://www.greenpeace.org.br/amazonia/pdf/pr-policia-espanha_20041014.pdf
Assessoria de Comunicação Social do Greenpeace.