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ECOJORNALISMO

Oficina leva jornalistas a um dia de vivência no
Parque Estadual de Itapuã

16 outubro 2004 - Especial para a EcoAgência de Notícias

 

Porto Alegre, RS - Um sol forte deu colorido especial nesta sexta-feira (15) ao Parque Estadual de Itapuã. Em meio à vegetação e fauna variada, um grupo de 35 jornalistas gaúchos participou da oficina Gestão das Águas e Sustentabilidade: Um desafio para o Jornalismo Ambiental, dentro da programação da XI Semana Interamericana e IV Semana Estadual da Água. “Essa oficina diferencia-se das demais”, enfatiza a diretora de comunicação da ABES/RS e Coordenadora dos eventos, Maria de Lourdes da Cunha Wolff, “por fugir das tradicionais quatro paredes. Estamos levando os jornalistas para uma atividade ao ar livre, onde a vida se desenvolve em sua exuberância”.

Promovida conjuntamente pelo Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ/RS), Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - Seção RS e Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA), o oficina iniciou com uma apresentação da bióloga Patrícia Vitt, coordenadora de Educação Ambiental da Unidades de Conservação do Estado, sobre o Plano de Manejo da área, no auditório do Centro de Visitantes do Parque de Itapuã. Após, o NEJ/RS fez uma apresentação sobre os 15 anos de atuação da entidade.

A segunda parte foi o deslocamento do grupo pela Trilha da Pedra da Visão. Com uma extensão de 1.470 metros, a trilha possibilita aos visitantes conhecerem os diversos biomas que compõem o Parque. Boa parte dos funcionários que trabalham em Itapuã são moradores da região. Exemplo típico é o do monitor de educação ambiental Alex Sandro da Silva. Filho de um ex-extrator de pedras do parque, Sandro chegou a aprender a profissão com o pai. Quando a extração foi definitivamente proibida, nos final dos anos 80, todos os extratores tiveram que aprender outras profissões. Sandro e seu pai começaram a trabalhar na construção civil até o momento em que o rapaz foi contratado como monitor ambiental.

Regeneração da Mata

Feliz por ensinar o que aprendeu na prática aos visitantes, Sandro vê pouco-a-pouco a mata se regenerar. As antigas estradas, por onde entravam os caminhões que recolhiam as pedras cortadas, viraram trilhas. A mata voltou a crescer e as trilhas estão cada vez mais estreitas. Acompanhando um dos grupos de jornalistas, Sandro pára no primeiro ponto, onde é possível ver um símbolo do Rio Grande do Sul, uma figueira centenária. Em seguida, a trilha leva até espécies de matas em processo de regeneração, como capororoca e vassouras vermelha e branca.

Vários metros adiante, o estreito caminho abre-se e aparecem as primeiras pedras. Foi em função da destruição das pedreiras (uma das quais encontra-se inclusive nas cartas náuticas como referência para os marinheiros) que ambientalistas, capitaneados pelo engenheiro agrônomo José Lutzenberger iniciaram, na década de 70, uma grande luta para salvar Itapuã. Em 1973 houve a criação do Parque, o que não impedia que a destruição continuasse. Somente em 1985, quando um grupo de ONGs gaúchas criou a Comissão de Luta para a Efetivação do Parque Estadual de Itapuã (CLEPEI), atualmente extinta, é que o destino da área começou a mudar.

Pedra da Visão

Hoje, as pedras que serviram como símbolos dessa luta continuam no mesmo lugar. Marcadas pelos dinamites, é verdade, mais ainda em pé para contar a verdadeira história do Parque. Seguindo pela Trilha da Pedra da Visão é possível avistar-se o morro e a praia do Araçá e o morro da Grota que, com seus 264 metros, é o mais alto do Parque. Pouco mais adiante estão a Ilha do Junco e o morro da Fortaleza. Este último guarda um pouco da história gaúcha por ter sido palco da Revolução Farroupilha.

 

Finalmente, após quase uma hora de caminhada, os visitantes chegam à Pedra da Visão. O nome diz tudo: do alto dos seus 193 metros descortina-se uma belíssima paisagem da Laguna dos Patos, da Praia de Fora e da Lagoa Negra, que adquiriu essa coloração devido à alta concentração de matéria orgânica no seu interior.

Após, todos os jornalistas dirigiram-se para a Praia da Pedreira onde, após participarem de um piquenique ecológico, tiveram um espaço para vivência com a escritora e jornalista carioca Anne Raquel Sampaio, que tem realizado o resgate de mitos e lendas dos índios brasileiros, colocando sua experiência em livros dirigidos às crianças e adolescentes. E a jornalista Yordanna Colombo apresentou seu trabalho de conclusão do curso na FABICO/UFRGS, onde mostra como um veículo da grande imprensa transforma o jornalismo investigativo em jornalismo meramente publicitário.

Na última etapa da oficina, retornando a Porto Alegre, os participantes assistiram a abertura do Festival Viva Lutz (em homenagem ao velho ambientalista que nos deixou há pouco mais de dois anos), no Salão de Atos da UFRGS, com palestras e o lançamento do livro da jornalista e escritora Lílian Dreyer, “Sinfonia Inacabada – a vida de José Lutzenberger”.

Para todos os participantes foi um experiência única, onde puderam conhecer na prática o trabalho de recuperação de uma área que estava aos poucos sendo destruída.

Texto do Jornalista Juarez Tosi (juarez@ecoagencia.com.br), especial para EcoAgência Solidária de Notícias Ambientais. Fotos: contribuição de Denise Helfenstein.


Última atualização: 06 setembro, 2011 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
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