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UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Ambientalistas pedem menos intervenção dos
Ministérios da Agricultura e das Minas e Energia nas UCs
22 outubro 2004
Curitiba, PR - Os Ministérios das Minas e Energia e da Agricultura e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável
devem deixar de intervir para flexibilizar a legislação ambiental, em particular o sistema de licenciamento e compensações ambientais em favor às pressões políticas recebidas. Esta atitude é lesiva ao interesse nacional e à conservação da biodiversidade.
Este é o principal trecho da Carta de Curitiba, divulgada durante o encerramento do IV CBUC -Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, que durante cinco dias reuniu na
capital paranaense 1.800 pessoas, entre autoridades, profissionais e estudantes envolvidos com Unidades de Conservação no país e no mundo. O presidente do CBUC, Miguel Milano, aproveitou para anunciar a realização do
V Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação e o I Congresso Internacional de Conservação da Natureza, em local a ser definido.
Além da denúncia contra os Ministérios, os participantes também repudiaram as indicações políticas para atuação em Unidades de Conservação em detrimento de qualificação técnica específica e exigiram ações imediatas e efetivas de regularização fundiária das unidades de conservação que já estão criadas.
Abaixo, a íntegra da Carta de Curitiba
Carta de Curitiba
Os participantes do IV Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, reunidos em Curitiba, Paraná, em outubro de 2004, entendem que:
-considerando que as unidades de conservação necessitam de implantação efetiva e de políticas de manejo tecnicamente consistentes, sustentadas e de longo prazo;
-considerando as crescentes pressões sobre os remanescentes dos ecossistemas naturais do País, em especial a expansão do desmatamento na Amazônia, a ocupação predatória, desordenada e acelerada do Cerrado e o desaparecimento das últimas áreas significativas da Floresta com Araucária;
-relembrando que a ratificação da Convenção sobre a Diversidade Biológica pelo País implica o compromisso premente de estabelecer um sistema eficaz de unidades de conservação compatível com seu alto grau de biodiversidade;
-reconhecendo que a diversidade biológica é um patrimônio nacional de imensurável valor científico, estético e econômico;
-considerando que o Brasil tem jurisdição, inclusive para fins de conservação, de uma área marítima proximamente correspondente à metade de seu território terrestre.
Acordam os participantes do Congresso em:
-reafirmar a função das unidades de conservação como essenciais à existência do meio ambiente ecologicamente equilibrado, enfatizando a necessidade de compatibilizar a política de definição de terras indígenas com o respeito aos limites das unidades de conservação de proteção integral, bem de uso comum de toda a Nação Brasileira e essencial à sadia qualidade de vida;
-reafirmar que as categorias de unidades de conservação de proteção integral são a base de um sistema eficiente de proteção da diversidade biológica do País;
-reafirmar o entendimento de que as Unidades de Conservação de Proteção Integral são os espaços territoriais protegidos citados no Artigo 225, Inciso III, da Constituição Federal, cujo objetivo básico é a preservação da natureza;
-exigir a aceleração do processo de identificação e criação de novas unidades de conservação federais, estaduais e municipais, em todos os biomas do País, com ênfase naqueles menos representados no sistema;
-exigir o estabelecimento de novas unidades de conservação nas áreas marinhas e ilhas costeiras;
-exigir ações imediatas de fortalecimento político, técnico e orçamentário do Ibama como executor federal, e dos órgãos executores estaduais e municipais do Sistema Nacional de Unidades de Conservação;
-ressaltar a fundamental importância do Ministério Público na defesa das unidades de conservação, contra as pressões de toda ordem a que estão permanentemente submetidas.
-repudiar indicações políticas para atuação em unidades de conservação em detrimento de qualificação técnica específica;
-exigir ações imediatas e efetivas de regularização fundiária das unidades de conservação criadas;
-denunciar como lesivas ao interesse nacional e à conservação da biodiversidade as pressões políticas do Ministério das Minas e Energia, do Ministério da Agricultura e do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável para a flexibilização da legislação ambiental, em particular do sistema de licenciamento e compensações ambientais.
Assessoria de Imprensa do IV CBUCs
Última atualização:
06 setembro, 2011 - ©
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