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Capra: “Administrar é equilibrar redes”

De: - EXCLUSIVO - EcoAgência de Notícias
Data: 24-jan-03
Hora: 21:28:40

“Somos cercados por complexos sistemas por todos os lados”. Com essas palavras o físico Fritjof Capra iniciou  a oficina sobre Complexidade e Administração no Fórum Social Mundial, promovida hoje (24/1) pela Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no anfiteatro do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. No público, além dos participantes do Fórum, um grupo de seletos convidados composto por empresários, políticos, professores, médicos e assessores de indústrias.

Capra levou os ouvintes a um “passeio” pela Biologia onde explicou que a característica principal dos sistemas vivos é o metabolismo e seu contínuo fluxo de matéria e energia, que lhe permite a constante renovação. Já os sistemas são compostos de redes e “de redes dentro de redes”. Uma árvore, por exemplo, está relacionada com seu habitat, mas cada folha pode ser vista como um sistema que integra sua própria rede, inserida em outras maiores e assim por diante. No meio ambiente tudo está interligado e é interdependente.

Da mesma forma acontece nas organizações, que precisam nutrir o seu próprio metabolismo para continuarem vivas. Neste caso, o metabolismo tem como fonte de energia a comunicação e o alimento são “as idéias e a criatividade”. Para isto ser possível, as organizações precisam aprender a valorizar suas redes informais, aquelas que não surgem de processos hierárquicos ou burocráticos, mas que emergem espontaneamente na comunidade da empresa ou instituição.

Capra explica que as redes formais são as estruturas hierárquicas, pré-estabelecidas. Nas redes informais as pessoas criam um clima de ajuda e suporte mútuo. As estruturas planejadas fazem o que a organização determina. Nas redes informais as políticas são sempre filtradas e interpretadas.

Desafio aos Administradores

O autor do Tao da Física aponta como grande desafio para os administradores o equilíbrio entre as duas estruturas: a planejada e a informal. Recomenda que as organizações tenham em suas chefias líderes que saibam contemplar ambas. O líder precisa ter uma visão clara do planejamento e criar condições para nasçam novas soluções “em vez de dar ordens”.

A idéia de controle total é apontada como ultrapassada. “Uma máquina pode ser controlada. Um sistema vivo só pode ser perturbado ou estimulado,” afirma Capra, salientando que para estimular um sistema vivo é fundamental que ele incorpore o significado do que está sendo proposto.

“Durante os processos de mudança, algumas das velhas estruturas vão acabar, mas se as redes forem vivas, novas estruturas surgirão - como no ambiente, vai existir uma seleção natural”, completa o físico austríaco que recentemente lançou no Brasil o livro Conexões Ocultas (Editora Cultrix), onde faz a correlação entre os sistemas biológicos e os sociais.

Público eclético

A oficina lotou o auditório com um público eclético. De estudantes do Acampamento da Juventude, até médicos de guarda-pó. “Bem interessante essa teoria, de comparar os padrões de natureza com a relação de seres vivos”, disse o estudante carioca Tiago de Paula Souza.

A assessora de gestão de pessoas, segurança, saúde e meio ambiente da Copesul, Carla Rangel, também gostou da palestra. “Achei ótimo ouvir que não se controla uma organização”, revela a representante da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul no Conselho Estadual do Meio Ambiente. Ela ratifica as palavras de Capra: “é preciso confiar nas pessoas e deixar que elas exerçam sua criatividade”.

O vice-diretor da Escola de Administração da Ufrgs, Paulo Motta, considera que a questão da complexidade vem sendo tratada há mais tempo. Só que Capra trabalha este tema de outra forma. “A novidade é a ligação do conhecimento e dos significados com as redes”, revela o professor.

Já o ex-vice governador Vicente Bogo, acha que “hoje todos estão carentes e ávidos de novas reflexões, novas perspectivas de vida, para torná-la mais leve”. Bogo, atual presidente do Sindicato e das Organizações das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul, afirma que mesmo em época de complexidade é importante estar aberto a novos pensamentos.

Jornalistas Vera Damian (vera@ecoagencia.com.br) e Sílvia Franz Marcuzzo (silvia@ecoagencia.com.br) © EcoAgência de Notícias, janeiro 2003 - http://www.ecoagencia.com.br .


Última atualização: 06 setembro, 2011 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
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