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FSM - Ecojornalistas defendem a distribuição democrática das verbas publicitárias pelo governo brasileiro

De: - EXCLUSIVO - EcoAgência de Notícias
Data: 27-jan-03
Hora: 15:34:32

A distribuição democrática das verbas publicitárias do governo para as mídias ambientais e sociais, dominou o debate da oficina Imprensa e Movimento Ecológico, uma Aliança para a Construção de um Desenvolvimento Democrático e Sustentável, realizada na manhã de hoje, na PUC, durante o Fórum Social Mundial. A oficina foi promovida pelo Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ/RS) e a  Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental (RBJA).

O jornalista Carlos Tautz, editor da revista Ecologia e Desenvolvimento, do Rio de Janeiro, ao lançar o debate defendeu que a mídia ambiental é indispensável. “Nós temos condições de qualificar a cobertura”, disse ele. No entender de Carlos Tautz, o governo, por lidar com verbas públicas, tem a obrigação de disponibilizar recursos publicitários para todos os segmentos sociais. Segundo ele, só a Secretaria de Comunicação do Governo Federal possui verbas de R$ 17 milhões por ano para gastar nessa área. Somando todos os Ministérios, destaca, o valor chega a R$ 1 bilhão para investimento.

“É necessário pensar em gastos de forma transparente, democrática, profissional e auditável”, destaca o editor da revista Ecologia e Desenvolvimento. Ele lembrou que vários países já possuem leis que garantem a distribuição equânime das verbas publicitárias, como o Chile, Índia, Suécia e vários estados norte-americanos. “Essa política”, argumenta, “ajudaria a democratizar a informação e manter o nível de empregos, mas é necessário uma aliança com outros setores, como as associações de jornais do interior e Associação Brasileira de Publicidade”.

Reconhecimento do trabalho

O jornalista André Alves, do Instituto Centro de Vida, do Mato Grosso, fez um histórico da atuação da organização. Ele lembrou que o reconhecimento maior do trabalho, que iniciou em 1995, veio a partir de 1998, quando o Instituto lançou um site na internet com notícias ambientais, conseguindo em pouco tempo cadastrar cinco mil pessoas. O projeto terminou em 2001 por falta de financiamento. “Não há política dentro do governo para financiar as mídias ambientais”, constata ele. “São grandes as dificuldades para encontrar quem possa financiar esse tipo de projeto.

A doutora em Comunicação pela USP de São Paulo e integrante do NEJ/RS, Ilza Girardi, fez um relato das principais atividades no Núcleo de Ecojornalistas desde a sua fundação, em 1990. Ela destacou principalmente a realização de dois cursos em parceria com a Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) da UFRGS, onde leciona, um preparatório à Rio 92 e outro denominado o papel da imprensa nos desastres ambientais.

Em relação à formação profissional, a professora Ilza Girardi lembrou da luta para a criação de cadeiras de jornalismo ambiental na graduação, pós-graduação e extensão. “No seu entender a dificuldade em se conseguir isso vem do fato de muitos professores não terem a compreensão da necessidade dessas cadeiras. “Necessitamos de uma mudança de paradigmas”, enfatiza. E acrescenta acreditar que em pouco tempo a conscientização para a necessidade desses cursos pode mudar.

O jornalista Marco Antônio Gonçalves, da SOS Florestas, falou sobre a importância da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental, lembrando que o movimento é mais do que uma rede jornalistas, pois tem muitas afinidades com os ambientalistas brasileiros. No seu entender a sustentabilidade e a cidadania só serão conquistadas com o fortalecimento da sociedade civil. Marco Antônio Gonçalves acredita que deva haver uma lei que discipline a distribuição de recursos públicos para a comunicação e isso tem que passar pelo Congresso Nacional. Grande imprensa não investe em jornalismo ambiental

Já, o jornalista André Muggiati, da Rede Brasileira de Educação Ambiental, de São Paulo, afirmou que depois de trabalhar cinco anos como correspondente da Folha de São Paulo, em Manaus, chegou a conclusão que a grande imprensa não investe em jornalismo ambiental. Após deixar a Folha, ele começou a fazer vídeos de jornalismo investigativo. No ano de 2000, foi contratado pela ONG Amigos da Terra para fazer um projeto de comunicação. Dessa última experiência, André Muggiati lembra das dificuldades em conseguir informações de outras ONGs para o Web Site que haviam criado. “As ONGs”, segundo ele, “temem concorrência e preferem divulgar suas próprias informações. Há muita vaidade”. O jornalista entende, ainda, que devido às dificuldades em conseguir financiamento, as ONGs não priorizam o trabalho de comunicação.

Segundo Muggiati, a EcoAgência, criada da parceria entre o NEJ/RS e a Pangea/AgirAzul, é um projeto que deu certo. Ele propõe a ampliação desse processo de parceria, onde a distribuição de conteúdo da agência possa ser repartida com outras entidades e organizações. Finalizou fazendo um apelo para que todos os jornalistas que trabalharam na EcoAgência durante o Fórum Social Mundial, continuem atuando de forma voluntária. E que sejam articulados, junto ao Ministério do Meio Ambiente, recursos para viabilizar a agência.

O último a falar foi o moderador da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental, Roberto Villar Belmonte. “Precisamos de instrumentos que garantam controle das verbas públicas. Não dá para viver sem a publicidade”, acredita ele. “Em nossas deliberações tem que ficar claro o nosso comprometimento ético com os movimentos sociais que trabalham com a questão ambiental. Temos que continuar alinhados com o movimento ecológico”, concluiu.

Jornalista Juarez Tosi (NEJ/RS) - juarez@ecoagencia.com.br  © EcoAgência de Notícias, janeiro 2003 - http://www.ecoagencia.com.br .


Última atualização: 06 setembro, 2011 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
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