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FSM - Participantes se despedem do Fórum e protestam contra a Alca e a guerra

De: - EXCLUSIVO - EcoAgência de Notícias
Data: 28-jan-03
Hora: 10:22:58

Em favor da vida, da soberania, da paz e da liberdade de comunicação e de opção sexual. Contra a opressão às mulheres e a comercialização de produtos transgênicos e pela preservação das sementes como patrimônio da humanidade.

Milhares de pessoas, representando organizações não-governamentais, minorias étnicas e raciais e partidos, tomaram novamente as ruas centrais de Porto Alegre para participar, nesta segunda-feira, de uma Marcha contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e a Guerra e pela Paz, e indicaram caminhos para a transformação do mundo.

A marcha, realizada desde o ginásio Gigantinho até o centro de Porto Alegre, marcou a despedida dos participantes do 3º Fórum Social Mundial (FSM), cujo encerramento oficial ocorrerá nesta terça-feira. . Ao lado de uma enorme bandeira brasileira cheia de mãos de crianças e com os dizeres “Mão de criança não pega no pesado” e em meio a faixas de protesto como “Não à Alca, à Dívida e à Guerra”, caminhava o lingüista e pensador norte-americano Noam Chomsky, ferrenho opositor das políticas do governo do seu país.

O ato contra a Alca e a guerra, no entanto, foi precedido por uma boa notícia vinda dos próprios Estados Unidos. Momentos antes, em Nova Iorque, o chefe dos inspetores de armas das Nações Unidas (ONU) no Iraque, Hans Blix, apresentava um relatório ao Conselho de Segurança da organização em que não confirmava as acusações norte-americanas de que o Iraque mantém um arsenal de armas químicas. Blix pediu mais tempo para investigar o assunto, justificando que a prorrogação do prazo para as investigações seria “um valioso investimento na paz”. A possível invasão norte-americana ao Iraque encontrou, desta forma, a sua primeira barreira.

O que é a ALCA?

Proposta pelos Estados Unidos, a Alca se constituiria em um bloco econômico que abrangeria desde o Canadá até a Argentina, correspondendo a um território de 40 milhões de quadrados e a uma população de cerca de 800 milhões de pessoas. Com um Produto Interno Bruto (PIB) calculado em 11 trilhões de dólares, aquela que poderá ser a maior zona de livre comércio do mundo começou a ser idealizada em 1994, a partir da Primeira Conferência das Américas.

Realizada em Miami com a presença de vários chefes de Estado, ela deu início a uma série de reuniões destinadas a regular as relações comerciais interamericanas. A conclusão das negociações está prevista para janeiro de 2005, e os Estados Unidos desejam que o acordo entre em vigor a partir de dezembro do mesmo ano.

Na sua Declaração de Princípios, a Alca definiu entre seus objetivos o de "expandir a prosperidade ao longo do hemisfério por meio da integração econômica e do livre comércio, da erradicação da pobreza e da discriminação e da garantia do desenvolvimento sustentável e da proteção do meio ambiente".

Embora tenha se recusado a assinar o Acordo de Kioto que prevê a redução gradual da emissão de gases poluentes na atmosfera, os Estados Unidos estabeleceram um plano de ação a ser implementado nos países que inclui, entre seus 23 pontos, desde o combate à contaminação ambiental até o fomento de micros e pequenas empresas. Os quatro eixos do plano compreendem: a preservação e fortalecimento da democracia; a promoção da prosperidade por meio da integração econômica e do livre comércio; a. erradicação da pobreza e da discriminação e a garantia de desenvolvimento sustentável e conservação do meio ambiente.

Sendo um dos maiores emissores de gases poluentes e geradores de lixo industrial no mundo e com um histórico que registra apoios e financiamentos a ditaduras militares e a governos corruptos em diversos países, bem como imposição de bloqueios econômicos e barreiras comerciais, os Estados Unidos são vistos por seus potenciais parceiros da Alca com cada vez mais desconfiança.

A notória influência dos EUA sobre organismos de financiamento da dívida externa dos países, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), a ainda recente guerra que patrocinou contra o Vietnã e o indicativo de que promoverá mais uma invasão ao Iraque deixa o mundo todo apreensivo de que o que realmente poderá estar em jogo, se a Alca for implantada, é a criação de uma área de livre comércio sem qualquer regulamentação social nem barreiras de proteção à concorrência das grandes empresas transnacionais norte-americanas.

Carlos Scomazzon - carlos@ecoagencia.com.br - © EcoAgência de Notícias, janeiro 2003 - http://www.ecoagencia.com.br.


Última atualização: 06 setembro, 2011 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
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