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JAPÃO - Terras alagadas da Mesopotâmia  podem desaparecer até 2008, diz a ONU

Berço da humanidade sofre com restrições a água por barragens, irrigação e assentamentos humanos irregulares; PNUMA já negocia com exército americano a recuperação ambiental do Iraque após a Guerra

EXCLUSIVO - Direto do Japão - EcoAgência de Notícias
21-mar-03

Carlos Tautz*

Na décima comemoração do Dia da Terra, hoje, aqui vai uma péssima notícia para a Mesopotâmia (as terras situadas entre os rios Tigre e Eufrates). No máximo em cinco anos, podem secar completamente as terras alagáveis conhecidas como bosques úmidos árabes, onde provavelmente surgiu há milhares de anos a civilização ocidental. "Utilizamos o Dia Mundial da Água em 2003 para lembrar o mundo da dramática destruição das terras alagáveis no sul do Iraque nos últimos anos, uma das maiores catástrofes no que toca aos ecossistemas de água potável em todo o mundo", lamentou o alemão Klaus Tpofer, diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - (sigla  UNEP em inglês), durante o Fórum Mundial da Água, que termina amanhã em Quioto, no Japão.

Ele também anunciou que a UNEP já está em negociações informais com o exército dos Estados Unidos, para levantar informações que permita a ONU lançar o mais rápido possível um programa de recuperação ambiental da região. Ele informou que já tem o apoio da SuÍça e dos países escandinavos para essa tarefa.

"Fizemos a mesma coisa na Bósnia, quando a UNEP descobriu o uso de urânio empobrecido em bombas de grande poder de destruição, e no Afeganistão, onde o reflorestamento está contribuindo para a geração de empregos aos homens que anteriormente eram sodados", lembrou Topfer, recordando que a contaminação por urânio empobrecido foi provavelmente a causa do expressivo aumento do número de casos de câncer na região. Terras alagáveis assemelham-se ao Pantanal no Brasil. Têm geralmente uma diversidade grande de espécies, devido a fertilidade das terras que passam por enchentes cíclicas. A água das enchentes carrega nutrientes de todo os tipos, o que termina fortalecendo o ecossistema local.

No caso das terras úmidas árabes - chamadas Hawr Al-Awizeh no Iraque e de Hawr Al-Azim em sua porção iraniana -, elas sofrem as conseqüências de milhares de anos de seu uso descontrolado para a irrigação, assentamentos humanos, poluição direta e de represamentos dos rios Tigre e Eufrates, que colaboram para a manutenção dessas terras úmidas, observou a UNEP em um estudo divulgado hoje. Elas foram habitadas pelos sumérios, civilização que marcou sua origem com enormes ocupações de caráter urbano, o que também deixou como herança para a região tesouros arquitetônicos, que aos poucos estão sendo perdidos.

"Hoje, em algumas partes das antigas terras úmidas, restaram apenas enormes montanhas de sal", lamentou Klaus Topfer. Entre 1976 e 2002, a UNEP acompanhou, através das imagens da rede de satélites Landsat, a acelerada diminuição das áreas alagadas. A redução na superfície desse ecossistema, que originalmente era fonte de água para milhões de aves, agora só atrai alguns flamingos. Entre 2000 e 2002, a superfície da região diminuiu em 30%, de 1.084 para 759 Km².

Jornalista Carlost Tautz - tautz@ecoagencia.com.br  - EcoAgência de Notícias

*O reporter viajou a convite da Fundacao Ford.


Última atualização: 06 setembro, 2011 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
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