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Fórum da Mata Ciliar apresenta experiências

EXCLUSIVO - EcoAgência de Notícias
18-jun-03


foto de Josiani Antunes

A reunião ordinária do Fórum Permanente da Mata Ciliar, realizada na Univates, em Lajeado, apresentou exemplos de recuperação de ambientes ripários no Vale do Taquari e o processo de preservação na barranca do rio Uruguai. A mata ciliar é a formação vegetal que ocorre nas margens dos cursos dá água, também conhecida como mata de galeria ou floresta ripária. “Esta vegetação funciona como um filtro, retendo poluentes que chegariam aos recursos hídricos. A mata também protege contra a erosão das ribanceiras, evitando o assoreamento dos rios, além de servir de refúgio à fauna silvestre”, esclarece o engenheiro florestal Álvaro Mallmann.

Segundo ele, a mata ciliar é considerada como área de preservação permanente (APP) pelo Código Florestal Federal, não sendo permitida qualquer alteração em seu ecossistema. Entretanto, resultados preliminares de um diagnóstico da Univates registram mais de 1.200 propriedades instaladas no leito do rio Taquari, no trecho de aproximadamente 80 quilômetros, compreendido entre os municípios de Muçum à Taquari. 

A colonização ítalo-germânica tem como característica a instalação das famílias junto aos cursos dá água, como fonte de recurso mas, principalmente, pela fertilidade do solo nos ambientes ripários. O Vale do Taquari tem no leito do rio o segundo solo mais fértil do mundo, perdendo apenas para o vale banhado pelo rio Nilo”, lembra Mallmann, salientando que esta suposta “vantagem” resultou em sérios problemas ambientais para a região.

 “A legislação determina como APP a largura de 100 metros a partir da margem do rio Taquari. Como as propriedades rurais estão instaladas horizontalmente, com plantações que chegam à margem do rio, a mata ciliar foi derrubada. Da mesma forma acontece com as cidades. Todo centro de Lajeado e Estrela estão em área de preservação”, afirmou.

Ações de recuperação

O Departamento de Meio Ambiente de Estrela concluiu o plantio de 2.500 mudas de árvores nativas na recuperação da mata no município. O trabalho começou no ano passado, com o reflorestamento de arroios, córregos e banhados, até chegar ao rio Taquari. “Acredita-se que apenas cerca de mil mudas sobrevivem, já que o solo arenoso das margens dificulta a fixação da vegetação primária”, explica o biólogo Émerson Luiz Schmidt. Contudo, ele lembra que as principais dificuldades, tanto no meio rural quanto urbano, estão na esfera sócio-econômica, já que as comunidades mais pobres estão em APP. “Todos os anos retiramos as famílias das áreas de risco e formamos novos condomínios populares, mas na próxima enchente um número ainda maior de pessoas está instalada no local”, desabafa Schmidt.

Em Roca Sales, uma parceira entre a Univates e a Prefeitura Municipal está avaliando alguns sistemas agroflorestais capazes de recuperar às áreas, mantendo a sustentabilidade das propriedades. Alguns agricultores estão trocando as lavouras de soja em APPs pela implantação de frutíferas. “A experiência com citros tem-se mostrado positiva na contenção do solo, já que não há manejo nesta áreas. Mesmo durante as enchentes, quando a água cobre as propriedades, as árvores continuam fixadas”, diz o biólogo Cristian André Prade.

O Departamento de Florestas e Áreas Protegidas (Defap/SEMA) do Governo do Estado começou o projeto de recuperação da mata ciliar do rio Uruguai em 1999. O Código Florestal determina como APP uma área de 500 metros a partir da margem do rio Uruguai. 

“O cumprimento da legislação causaria um problema social muito grande, porque os agricultores que estão na margem são os pequenos - são mais de 940 propriedades familiares”, conta o técnico do Defap de Santa Rosa, Cláudio Kroth. Numa ação inédita no Estado, na tentativa de acatar o que prevê a lei, os Ministérios Públicos (Federal e Estadual), a SEMA, a Patram e as Prefeituras de sete municípios, propuseram um acordo aos agricultores instalados no leito do rio Uruguai.

“O projeto prevê a recuperação inicial de 10% do que determina a lei. Desta forma, estamos recuperando 50 metros de mata ciliar em cada propriedade. Quem se nega a assinar o acordo, é acionado pelo Ministério Público”, afirma Kroth. O monitoramento do trabalho é feito através de GPS e visitas a campo pela patrulha ambiental. “Hoje, na costa do rio Uruguai, 99% das propriedades estão recuperando os 50 metros de mata ciliar”, comemora o técnico. Em cada município foi montada uma unidade demonstrativa para visitação de escolas em ações de educação ambiental.

O Fórum Permanente da Mata Ciliar reúne-se sempre nas segundas sexta-feiras dos meses pares, na Univates de Lajeado, às 9h. O espaço é aberto ao público e entidades ligadas ao meio ambiente. Informações através do telefone (51) 3712-2611.

Jornalista Joseani M. Antunes - joseani@ecoagencia.com.br 


Última atualização: 06 setembro, 2011 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
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