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Brasil deve usar menos petróleo e mais energias renováveis

Assessoria de Imprensa do Ministério do Meio Ambiente - MMA
15-ago-03

Brasília, DF – “Não existe energia limpa. Algumas têm menor impacto que outras. Não à usina nuclear de Angra 3. Menos petróleo na matriz energética brasileira. E mais energias renováveis”. Estas foram algumas das propostas do Grupo de Energia Limpa dos Diálogos para um Brasil Sustentável. Segundo o relator do tema, Mozart Schmitt de Queiroz, gerente de Energias Renováveis da Petrobrás, também foram apontados caminhos importantes para reduzir o consumo de energia elétrica e de combustíveis, com ganhos ambientais e econômicos para o país.

Diálogos - Qual a avaliação feita do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa)? 

Mozart Schmitt de Queiroz - O Grupo considerou o Proinfa um programa importante. No entanto, entendemos que é necessário algo semelhante para incentivar a geração localizada, desconectada da rede, com incentivos para atender demandas de 20 milhões de brasileiros e 100 mil escolas sem acesso à rede. Incentivos com financiamento público a fundo perdido ou a longo prazo com juros baixos para viabilizar a inserção energética propiciando melhores condições de vida para esta grande parcela da população brasileira hoje excluída.

Diálogos - Os especialistas do Rocky Mountain Institute, Amory Lovins e Joel Swisher, falaram da importância da transição da economia do petróleo para a economia do hidrogênio. Houve consenso sobre esta alternativa? 

Mozart - O Grupo de Energia considerou que não cabe gerar energia através da eletrólise da água. O custo energético desta geração é muito grande, com grandes problemas para armazenar este hidrogênio. Eu acho que o desenvolvimento de células de combustível para substituir motores à combustão utilizando os mesmos combustíveis que existem hoje seria uma forma de diminuir os impactos ambientais uma vez que a eficiência energética de uma célula de combustível é muito maior que um motor à combustão.

Diálogos - E os impactos ambientais das hidrelétricas e das novas obras previstas?

Mozart - Houve dois grandes eixos de abordagem do problema. As hidrelétricas têm que ser melhor cuidadas, um melhor manejo para garantir um uso múltiplo das águas estocadas. Por outro lado, grandes hidrelétricas têm um enorme impacto social e ambiental. Cada projeto deve ser analisado por impactos. O potencial hidrelétrico brasileiro deve ser reavaliado, pois as avaliações existentes foram feitas há mais de 20 anos, quando não se levavam em conta estas variáveis.

Diálogos - Como a Petrobrás se insere neste contexto de sustentabilidade apontado pelos Diálogos para um Brasil Sustentável

Mozart - No mundo inteiro, as empresas de petróleo investem em estudar e se inserir na produção de energias renováveis. Estão inclusive mudando o nome de empresa de petróleo para empresa de energia. Todos sabem que o petróleo é finito, em algum momento vai acabar. É com esta ótica que a Petrobrás está presente nestas discussões. O conjunto do corpo técnico tem claro que o petróleo impacta o meio ambiente. No planejamento estratégico, revisto recentemente, está clara a visão quer ter rentabilidade, com respeito ao meio ambiente e ao social. Na matriz energética brasileira, cerca de 50% vem do petróleo. Tem que ser pensado também a economia de combustível. Isso passa pela melhoria da eficiência dos motores e pela mudança da infra-estrutura para garantir mais trens e barcos, e menos caminhões. Nas cidades, mais transporte coletivo.

Diálogos - O que faz uma gerência de energias renováveis dentro de uma empresa de petróleo? 

Mozart - A British Petroleum vendeu para o governo brasileiro equipamentos de geração de energia fotovoltaica. É um absurdo comprar um equipamento destes de uma empresa estrangeira de petróleo. Se houvesse uma política correta de investimentos poderia estar sendo produzido pela Petrobrás. Nesta gerência nós estamos analisando as tecnologias disponíveis para energias renováveis e onde há potencial no Brasil, como a biomassa, eólica e solar e que ainda falta tecnologia para produzir. Estamos alocando recursos na produção de tecnologia. Em 2010 a Petrobrás tem uma meta de ter 10% do seu consumo energético fornecido por fontes renováveis. Nada impede que também estejamos vendendo para o mercado energias renováveis. Estamos desenvolvimento tecnologia para produzir biodiesel, células de combustível e energia eólica. Já implantamos em uma refinaria de Minas Gerais aquecimento solar de água de chuveiro de cozinha.

Diálogos -No futuro, a Petrobrás vai deixar de vender petróleo para vender energia de fontes renováveis? 

Mozart - Acredito que sim. Esta é a tendência mundial. As reservas de petróleo não durarão 200 anos. A Petrobrás hoje completa 50 anos. Quando ela completar 100 anos possivelmente o petróleo não terá a importância que tem hoje com combustível. Ele tende a ser um produto cada vez mais utilizado como matéria prima para a indústria do que um combustível a ser queimado.


Última atualização: 06 setembro, 2011 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
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