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Palha de arroz gera alimentos e renda em Santa Vitória do Palmar

De: - EXCLUSIVO - EcoAgência de Notícias
Date: 25-ago-03

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O município de Santa Vitória do Palmar, no Rio Grande do Sul, com cerca de 90 mil hectares plantados com arroz, foi escolhido pela Fundação Zeri (do inglês Zero Emissions Research and Initiatives, Iniciativas de Pesquisa em Emissão Zero) para o desenvolvimento de um projeto piloto no Estado para o reaproveitamento de resíduos da agricultura. Ao todo, 22 produtores de arroz da região aprenderam a transformar a palha que sobra da produção do grão em outros produtos com valor agregado.

Com a nova metodologia, a palha é usada para o cultivo de cogumelos-ostra, próprios para o consumo humano, e os resíduos dos cogumelos são transformados em alimento para porcos. Em seguida, os dejetos dos suínos são transformados em biogás por meio de um biodigestor, e, logo após, as sobras do processo são usados na criação de peixes. Fechando a cadeia de produção, o gás natural gerado pela decomposição dos dejetos suínos é transformado em energia para a preparação da palha do arroz ao cultivo dos cogumelos. Antes da implementação do projeto piloto, não havia qualquer aproveitamento da palha gerada pela rizicultura.

O engenheiro agrônomo Francisco Fleck, que em breve assumirá a presidência-executiva da Fundação Zeri no Brasil, explica que, com a nova metodologia de produção e o aproveitamento dos resíduos foi possível otimizar os custos da lavoura do arroz. “A produção era paga com a renda de apenas um produto, o grão. Com o método Zeri, foi possível obter outros produtos e agregar mais valor à produção”, disse. Segundo ele, cada um dos produtores gera cerca de uma tonelada de palha por mês a cada 12 hectares de arroz, elevando seus lucros em até R$ 3 mil.

De acordo com o engenheiro agrônomo, o projeto piloto em Santa Vitória do Palmar foi possível com recursos oriundos do Banco do Brasil, por meio do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). “Estamos em contato com o governo do Estado para, ao menos, conseguir apoio institucional à iniciativa. Queremos ampliar a escala do projeto e estamos em busca de parcerias”, revela.

Francisco Fleck, o gaúcho de Porto Alegre, foi um dos participantes do seminário Diálogos por um Brasil Sustentável, que aconteceu em Brasília (DF), entre 12 e 15 de agosto. O evento foi promovido pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com Fritjof Capra, Instituto Ecoar para a Cidadania e Projeto Brasil Sustentável e Democrático.

A metodologia de "emissão zero" vem sendo desenvolvida e implementada desde 1994 pela Fundação Zeri, criada pelo belga Gunter Pauli. Empresário e economista, criou sete empresas e dedicou os últimos 10 anos a traduzir ciência em projetos que tratam de problemas conunitários. A Fundação Zeri é uma rede internacional de acadêmicos, empresários, funcionários de governo e educadores, e já iniciou cerca de 50 projetos no mundo inteiro e opera 25 centros de projeto em cinco continentes em diversos climas e ambientes culturais. Esses projetos demonstram que é possível responder às necessidades das pessoas com o que elas têm, implementando sistemas de produção e de consumo que não somente "simulem" a natureza, mas também implementem sistemas que sejam mais competitivos e que aumentem a produtividade ao mesmo tempo em que geram empregos. Pauli é autor de 14 livros, como Steering Business Towards Sustainability, UpSizing: The Road Towards Zero Emissions e From Fairy Tales to Reality.

Mais informações sobre a Fundação Zeri em http://www.zeri.org.br

Mais informações sobre os Diálogos para um Brasil Sustentável em http://www.mma.gov.br/ascom/ultimas/index.cfm?assunto=9

Jornalista Aldem Bourscheit, de Brasília para a EcoAgência - aldem@ecoagencia.com.br


Última atualização: 06 setembro, 2011 - © EcoAgência de Notícias - NEJ-RS e PANGEA
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